O fundo internacional destinado a ajudar empresas em países em desenvolvimento trabalha e ajuda a criar negócios em regiões do mundo que carecem de investimento direto e conta com mais de 90 empresas que empregam 55 mil pessoas.
Em 2021, segundo dados disponibilizados no site oficial do AKND, as receitas conjuntas das empresas apoiadas pelo AKFED ascenderam a cerca de 4 mil milhões de dólares. Os lucros são depois reinvestidos em projetos de desenvolvimento.
Um dos principais objetivos do fundo é "criar empresas rentáveis e sustentáveis através de investimentos a longo prazo que resultam em fortes posições de capital".
"Isto, por sua vez, permite-nos adotar uma abordagem prática, fornecendo conhecimentos técnicos e de gestão. Os lucros que geramos são reinvestidos noutras iniciativas de desenvolvimento económico sob a égide da AKFED".
O fundo, que existe há mais de 75 anos, faz investimentos e apoia empresas em países como Moçambique, África do Sul, Afeganistão, Burkina Faso, Burundi, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Índia, Quénia; República do Quirguizistão, Madagáscar, Maurícia, Paquistão, Ruanda, Senegal, Tajiquistão, Tanzânia e Uganda.
As empresas apoiadas variam desde a banca, energia elétrica, agricultura, hotelaria e telecomunicações, trabalhando simultaneamente com governos locais para a implementação de estruturas legais e fiscais que incentivem o desenvolvimento do setor privado nos respetivos países.
Com o objetivo de criar empresas "viáveis, autossustentáveis e rentáveis", o AKFED adota uma abordagem a longo prazo participando diretamente na gestão dos negócios.
Aga Khan definia a AKFED como uma "agência de desenvolvimento internacional com fins lucrativos que, devido à sua origem institucional e consciência social, investe em países, setores e projetos com base em critérios muito diferentes dos de um simples investidor comercial".
"As decisões de investimento baseiam-se mais nas perspetivas de uma vida melhor para os grupos de pessoas que serão afetados pelos investimentos e pelos seus resultados do que na rentabilidade final.
A Rede de Desenvolvimento Aga Khan, a principal organização filantrópica lida principalmente com questões de cuidados de saúde, habitação, educação e desenvolvimento económico rural. Trabalha em mais de 30 países e tem um orçamento anual de cerca de mil milhões de dólares para atividades de desenvolvimento sem fins lucrativos.
Uma rede de hospitais com o seu nome está espalhada por locais onde faltavam cuidados de saúde para os mais pobres, incluindo o Bangladesh, o Tajiquistão e o Afeganistão, onde investiu dezenas de milhões de dólares para o desenvolvimento das economias locais.
O seu gosto pela construção e pelo 'design' levou-o a criar um prémio de arquitetura e programas de Arquitetura Islâmica no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e em Harvard e restaurou antigas estruturas islâmicas em todo o mundo.
Os ismaelitas - uma seita originalmente centrada na Índia, mas que se expandiu para grandes comunidades na África Oriental, na Ásia Central e do Sul e no Médio Oriente - consideram um dever dar o dízimo de 10% dos seus rendimentos a Aga Khan como administrador.
"Não temos a noção de que a acumulação de riqueza seja má", disse Agá Khan à Vanity Fair em 2012. "A ética islâmica é que, se Deus nos deu a capacidade ou a sorte de sermos um indivíduo privilegiado na sociedade, temos uma responsabilidade moral para com a sociedade."
Aga Khan, fundador e presidente da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN), e líder dos muçulmanos xiitas ismailis, morreu hoje em Lisboa, aos 88 anos, confirmou à Lusa fonte oficial do imamat ismaili.
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