Linha Rubi da Metro do Porto, que ligará Santo Ovídio à Casa da Música, tem o arranque das obras previsto para 2023, implicando a construção de uma nova ponte sobre o Douro e demolições de casas em Gaia.
O que é a Linha Rubi?
A linha Rubi (H) do Metro do Porto deverá ligar as estações de Santo Ovídio (em Vila Nova de Gaia) e Casa da Música (Porto), fazendo ligação à rede ferroviária atual nas Devesas (Gaia) e à projetada linha de alta velocidade Lisboa - Porto - Vigo, em Santo Ovídio.
As estações projetadas para a linha são, em Gaia, Santo Ovídio, Soares dos Reis, Devesas, Rotunda, Candal e Arrábida, e, no Porto, Campo Alegre e Casa da Música, sendo as duas margens do Douro ligadas por uma nova ponte.
Em Santo Ovídio, a nova linha ligará à Amarela (D), que atualmente liga ao Hospital de São João, estando em obras, em Gaia, a extensão a Vila d'Este, com as estações Manuel Leão e Hospital Santos Silva.
Já na Casa da Música, a linha Rubi ligar-se-à às atuais linhas do tronco comum, com serviços desde o Porto para a Póvoa de Varzim, ISMAI, Senhor de Matosinhos, Aeroporto e Fânzeres, bem como à futura linha Rosa, atualmente em construção (São Bento - Casa da Música).
"Esta linha, em via dupla, desenvolve-se ao longo de 6,35 km com troços em túnel, à superfície, em ponte sobre o Rio Douro e em viaduto", segundo o EIA.
Quando estará em funcionamento?
O cronograma da empreitada, disponível no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que foi posto em consulta pública na quarta-feira (ficará aberta até 17 de novembro), aponta como data de início março de 2023 e fim em dezembro de 2025.
O presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, disse em 07 de outubro que em 2026 haverá "uma ligação que é absolutamente estruturante para a rede do Metro do Porto, para o sistema de mobilidade de toda a Área Metropolitana do Porto", assegurando a construção da nova ponte sobre o rio Douro.
Quando começam as obras?
De acordo com o cronograma presente no Estudo de Impacto Ambiental, as obras deverão começar em março do próximo ano, terminando no final de 2025, possibilitando a abertura do serviço comercial em 2026.
As obras da nova ponte estão previstas arrancar em março do próximo ano e terminar em novembro de 2025. A do túnel mineiro entre entre Santo Ovídio e Devesas, a segunda intervenção mais morosa, excetuando a construção das estações subterrâneas, deverá ter 21 meses de duração.
No total, a construção da nova linha deverá levar dois anos e 10 meses.
Quando é lançado o concurso público da nova linha?
O presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, disse aos jornalistas no dia 7 de outubro que pretende lançar o concurso público para a construção da nova linha até ao final deste ano.
Antes, em novembro, a empresa pretende "lançar um anúncio prévio à contratação, no sentido de explicar formalmente ao ecossistema da construção civil" o projeto da linha Rubi, segundo o responsável.
Quanto custará a linha Rubi?
A linha Rubi terá um custo de 300 milhões de euros mais IVA, totalmente financiados a fundo perdido pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), lançado pela União Europeia para fomentar a recuperação económica depois da pandemis de covid-19.
A nova ponte vai mesmo ser construída?
Tiago Braga assegurou, no dia 7 de outubro, que a ponte entre a Arrábida (Gaia) e o Campo Alegre (Porto) "vai ser uma realidade", após o presidente da câmara do Porto, Rui Moreira, ter expressado dúvidas acerca da necessidade da construção da infraestrutura.
"Não era ali que eu fazia a ponte, não fazia a ponte com aquela altura e tenho dúvidas se a ponte é necessária", afirmou Rui Moreira em setembro, tendo entretanto renovado as dúvidas quando foi apresentado o EIA.
O presidente da Metro disse que "todos os envolvidos têm legitimidade para apresentar as suas questões", mas que a responsabilidade da Metro "é ouvir, é procurar verificar quais são os aspetos em que pode ser melhorado o projeto, e avançar com o projeto".
Já o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, disse compreender as dúvidas de Rui Moreira, considerando que as afirmações de Rui Moreira "não põem em causa nem a importância da linha Rubi, nem a importância da travessia", levantam, a seu ver, a exigência de "levar até ao limite a qualidade da inserção urbanística" daquela infraestrutura nas duas margens.
A construção da nova ponte sobre o rio Douro suscitou contestação por parte de moradores e da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto devido à inserção no Campo Alegre, alegando que lesava "questões de defesa da paisagem e salvaguarda patrimonial".
Quem desenhou a nova ponte sobre o rio Douro?
A ponte é da autoria do consórcio liderado pela Edgar Cardoso - Engenharia e Laboratório de Estruturas, que também contém a Arenas & Asociados, Ingenería De Diseño SLP e a NO Arquitectos, Lda.
O contrato para o desenvolvimento do projeto representa um investimento de 1,12 milhões de euros, segundo a Metro do Porto.
Venceu o conceito de "uma ponte com um pórtico com escoras inclinadas, suportada integralmente em betão e com um perfil longitudinal a uma altura ligeiramente superior à da Ponte da Arrábida, de modo a não constituir um obstáculo visual".
O júri do concurso foi composto por Inês Lobo e Alexandre Alves Costa (ambos em representação da Ordem dos Arquitectos), Rui Calçada e Júlio Appleton (indicados pela Ordem dos Engenheiros), Amândio Dias (da Direção Regional de Cultura do Norte), Eduardo Souto de Moura (em nome da Câmara Municipal do Porto), Serafim Silva Martins (pela Câmara de Vila Nova de Gaia) e, em representação da Metro do Porto, Lúcia Leão Lourenço (que presidiu), Joana Barros, Victor Silva e Miguel Osório de Castro.
Quais são as características da nova ponte?
Além das escoras inclinadas suportadas integramente em betão, com um perfil longitudinal e altura ligeiramente superior à ponte da Arrábida, a nova estrutura possibilitará também o tráfego de peões e de bicicletas.
A ponte, com cerca de 70 metros de altura, terá também, entre as duas vias do Metro do Porto, painéis solares que alimentarão a sua iluminação.
No total, serão construídos sete pilares, dos quais quatro no Porto e três em Gaia.
O EIA admite que a nova ponte sobre o rio Douro causa um "impacto negativo bastante significativo" na paisagem e, "sobretudo, cenicamente", apesar de estarem previstas medidas de mitigação projetadas pelo arquiteto Álvaro Siza para a inserção no Campo Alegre, juntando-se à estação desenhada por Eduardo Souto Moura.
O mesmo resumo refere, porém, que "globalmente, a implementação do projeto, apesar de acarretar a ocorrência de impactes negativos na paisagem, não se constitui como uma disrupção inaceitável na paisagem da cidade do Porto".
Quais são as restantes infraestruturas da linha Rubi?
Do Porto, a linha irá em túnel da Casa da Música até ao Campo Alegre, seguindo depois na ponte até à Arrábida, em Gaia, de onde os veículos da Metro do Porto irão à superfície até às Devesas.
Chegados àquela estação ferroviária, a linha segue em novo túnel mineiro até Santo Ovídio, passando pela estação Soares dos Reis.
As estações Casa da Música, Campo Alegre, Devesas, Soares dos Reis e Santo Ovídio serão subterrâneas, ao passo que Arrábida, Candal e Rotunda serão à superfície.
A estação Rotunda, na rotunda Edgar Cardoso, "terá, associado, um parque de estacionamento de grande capacidade" subterrâneo com "aproximadamente 500 lugares", e "um parque urbano para lazer e atividades culturais".
Já a Campo Alegre, concebida por Eduardo Souto Moura, "permite garantir a rápida acessibilidade, tanto a partir da Rua do Campo Alegre, como das Faculdades de Ciências, de Letras e de Arquitetura da Universidade do Porto, sem ser necessário o atravessamento pedonal da Rua de Entrecampos e Via Panorâmica à superfície".
Qual o retorno da linha Rubi?
A linha Rubi deverá retirar 5,2 milhões de pessoas do carro em 2026, ano previsto para o seu arranque, segundo um estudo de procura.
Segundo o documento disponível no 'site' da Metro do Porto, em 2026 estão previstos 11,4 milhões de passageiros para o traçado.
A Metro do Porto estima "uma série de benefícios sociais, económicos e ambientais quantificados em 900 milhões de euros".
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