"As relações entre Angola e Portugal são muito fortes, mas podem até ser mais intensas. É verdade que os dois países, nos últimos anos, passaram dificuldades nas suas economias nacionais e isso levou talvez a uma maior dificuldade nas relações internacionais, mas penso que agora estão criadas condições, com mais estabilidade macroeconómica, quer de Portugal quer de Angola, para que se possa retomar um caminho de crescimento que, entre outras coisas, necessita da abertura a outros mercados", destacou hoje em Luanda o antigo governante.
Pedro Siza Vieira, que participou como orador na apresentação do estudo "Banca em Análise 2022", promovido pela consultora Deloitte, abordou a transformação estrutural que atravessa a economia mundial e as perspetivas da relação dos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) no novo contexto, que, disse, vai exigir "grandes ajustamentos" a nível internacional.
Focou-se em particular no relacionamento entre Portugal e Angola, notando as semelhanças entre dois países que atravessaram momentos críticos e sublinhando que Portugal deve explorar ativamente o que considerou ser "oportunidades recíprocas".
Hoje em dia, realçou, os dois países encontram-se numa situação financeira mais sólida do que tiveram no passado, estando criadas as condições para desenvolver as relações de investimento e comércio.
O ex-ministro, atualmente a exercer advocacia, destacou uma história comum "intensa" que não é isenta de desconforto e sublinhou que, no âmbito da CPLP, o Estado português é o que mais se tem batido pela livre circulação, apesar de estar condicionado por fazer parte do espaço Schengen.
Em declarações aos jornalistas à margem do evento considerou que a celebração do acordo de mobilidade foi "um passo muito importante", tendo Portugal já transposto para a legislação nacional as regras relativas ao visto CPLP, e afirmou que os governos angolano e português devem apoiar as empresas que queiram fazer negócios nos dois países.
Sobre Angola, notou o "grande processo de ajustamento" nos últimos anos, em termos económicos e das finanças públicas, bem como no sistema cambial, que permitiu melhorar a estabilidade macroeconómica "que se está a traduzir no crescimento que a economia está a ter e que, provavelmente, vai prosseguir nos próximos tempos".
"O contexto internacional é desafiante, mas os passos que foram dados parecem estar a dar frutos e Angola até parece estar a crescer e a reduzir a inflação em contraciclo com outros países do mundo", salientou Pedro Siza Vieira.
Frisou ainda que Portugal se tem batido no seio da União Europeia (UE) pela aproximação do continente africano e "não pode prescindir de construir relações próprias com países que falam a sua língua".
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