Em comunicado, a CPPME diz que que "acaba de chamar à atenção do Governo português, através do secretário de Estado de Tesouro [João Nuno Mendes], para a situação potencialmente explosiva em que se encontram as micro, pequenas e médias empresas que subscreveram os financiamentos e as linhas de crédito amplamente impingidas pelo Governo, como forma de enfrentar as dificuldades provocadas pela pandemia ou outras situações de calamidade".
"Não acreditando que o Governo tenha pretendido induzir as empresas nacionais num "conto do vigário" de efeitos desastrosos, a CPPME exige que o mesmo tome medidas imediatas e vigorosas de salvaguarda das dezenas de milhares de empresas afetadas, evitando a degradação da sua condição económica e financeira, o despedimento de muitos trabalhadores e, até, no limite, o encerramento de muitas delas", pode ler-se no documento.
Segundo a confederação, a maior parte dos apoios do Governo criados durante a pandemia de covid-19, em 2020 e 2021, bem como "o que está a acontecer agora perante a escalada inflacionista" e "em todas as situações de calamidade natural ocorridas na última década", está a levar ao aumento do endividamento das empresas.
A maioria dos apoios "traduziu-se no aumento do seu endividamento através da subscrição de linhas de crédito e outros instrumentos bancários, exaltando as vantagens das taxas negativas da euribor e da bonificação dos 'spreads'", afirma a CPPME.
"Ora, passados menos de dois anos, estão as empresas confrontadas com o aumento abrupto da Euribor para mais de 2,25% anuais, estando praticamente garantido que o BCE [Banco Central Europeu] a fará chegar aos 4% ou mais nos próximos meses, e com o esquecimento do perdão de parte do capital dos referidos empréstimos do Turismo", sublinha a confederação.
A CPPME recorda que nalguns casos, nomeadamente em financiamentos concedidos pelo Turismo de Portugal, "o Governo prometeu o perdão de parte dos mesmos (até 20%) desde que não se verificassem despedimentos no período de confinamento".
Leia Também: PME em projetos conjuntos de internacionalização já podem pedir apoios