Em entrevista à Lusa, o gestor disse que a empresa estava "a trabalhar precisamente para isso", mas recordou vários constrangimentos. A TAP, à imagem de outras companhias aéreas europeias, cancelou dezenas de voos durante o verão por problemas operacionais.
"A TAP vive com um tema estrutural, que é a nossa infraestrutura. Estamos com um aeroporto congestionado", recordou, abordando ainda a questão da insolvência da Groundforce, que presta serviços de assistência em terra nos aeroportos ('handling'), processo sobre o qual disse esperar "ter notícias em breve".
"Tivemos estes 'upgrades' tecnológicos na NAV [que implementou um novo sistema], estamos a lidar com o absentismo dos tripulantes de cabine", destacou, indicando que é preciso melhorar "em cada um destes pontos para no próximo verão ter uma operação muito mais consistente".
Gonçalo Pires reconheceu que é nos picos da atividade que existem os "maiores problemas". Por isso disse que a companhia estava muito concentrada "em garantir que o próximo verão correrá muito melhor", apontando ainda os problemas de frota que prejudicaram a companhia.
"Quando chegamos havia um plano para receber seis novos E-jets da Embraer", mas "esses aviões estão ainda atrasados, só recebemos três e ainda estamos à espera de três que esperamos receber até ao início do próximo ano", indicou, recordando ainda as questões em torno da "fiabilidade da frota de [aviões] ATR".
"Reduzimos a frota dos ATR e acabamos o contrato com a White", recordou, explicando que "não era um operador com uma sustentabilidade financeira para garantir serviço aos clientes da TAP", sendo que, por isso, haverá "mais fiabilidade na operação" da companhia.
"Estamos a fazer tudo para que 2023 corra muito melhor", rematou.
Questionado sobre a possibilidade de a TAP optar por mais contratos de prestação de serviços externos, conhecidos na aviação como ACMI, o administrador financeiro realçou que "em 2022 foram menores do que em 2019".
Gonçalo Pires justificou a opção por estes contratos, muito contestados pelos sindicatos, "pelo atraso dos E-jets", indicando que foi preciso "proteger o serviço", e por "um problema técnico" com a frota do A339 da Airbus.
"A guerra criou problemas na cadeia de abastecimento e isto está a gerar grandes impactos nas cadeias de produção especialmente em aviões", referiu, lembrando que depois da pandemia "houve uma grande recuperação da atividade e isso causou problemas".
"Para o ano é possível que tenhamos que usar taticamente ACMI se tivermos algum problema com algum dos nossos parceiros, mas será sempre para suprir uma operação, todas as companhias aéreas o fazem", sublinhou.
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