"Temos procurado ter uma política de financiamento prudente. Ainda no ano passado as agências de 'rating' subiram a notação da EDP para 'BBB', um 'rating' mais sólido, numa subida gradual ao longo dos últimos anos", disse Miguel Stilwell de Andrade aos jornalistas durante uma visita a um parque solar flutuante em Singapura.
O CEO adiantou que a empresa tem fortalecido o balanço através de aumentos de capital, nomeadamente de 1.500 milhões de euros em 2021, para investir nos projetos de energias renováveis, e de 1.000 milhões de euros no ano anterior para reforçar as redes energéticas.
"Temos procurado medidas para ter um balanço sólido e portanto estamos confortáveis para enfrentar agora este período com taxas crescentes", explicou, referindo-se aos sucessivos aumentos das taxas diretoras implementados pelos decisores de política monetária, por exemplo a Reserva Federal norte-americana e o Banco Central Europeu, com o objetivo de travar a inflação que acelerou com a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro deste ano.
"Obviamente temos de ser prudentes os tempos estão a mudar muito rapidamente e temos de assegurar que temos este balanço sólido daqui para a frente", acrescentou.
Questionado sobre o balanço de 2022, Stilwell de Andrade frisou que foi um ano com muita volatilidade, "muitas coisas imprevistas, começando obviamente pela guerra na Ucrânia, que obviamente tem impacto nos combustíveis fósseis, depois acaba por ter impacto no preço da eletricidade".
Em relação a 2023, adiantou que a EDP prevê mais volatilidade, "mas mais uma vez antecipamos que vai continuar a existir um grande impulso nas energias renováveis, não só a nível da Europa, com o plano da Repower EU, que foi aprovado nos últimos meses, e também nos Estados Unidos, com o 'Inflation Reduction Act', que também foi um apoio muito importante para o crescimento das energias renováveis nesse país".
Em fevereiro de 2022, a EDP Renováveis (EDPR), detida em 74,98% pela EDP, anunciou ter completado a aquisição de uma participação de 91% da Sunseap, baseada em Singapura e uma das maiores companhias de energia solar no Sudeste Asiático, por 600 milhões de euros.
Miguel Stilwell de Andrade referiu que o objetivo é atingir capacidade instalada de 2 gigawatts (GW) na região da Ásia-Pacífico em 2025.
Questionado se a operação obrigará a EDP a rever as metas de crescimento de capacidade instalada por região inscritas no plano estratégico 2021-2025, e no qual de um total de 20 GW o 'resto do mundo' representa 1,4 GW - face a 8,8 GW na América do Norte, 6,7 GW na Europa e 2,9 GW na América Latina - o CEO disse que a questão está a ser estudada.
"Temos ainda de gerir ao longo dos próximos meses. Estamos a fazer uma atualização do plano, portanto daremos também notícias em breve, ao longo dos próximos meses, sobre como isso vai ser, em que regiões é que vamos investir", explicou.
"Vemos muito potencial aqui mas também vemos noutras regiões -- a Europa continua a ser um ponto muito importante, os EUA também, Brasil também e o que podemos dizer é que atualmente a nível global vimos muitas oportunidades de investimento", concluiu o CEO.
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