"É preciso termos os pés muito bem assentes na terra para não chegarmos a uma solução que depois não pode ser desenvolvida", alertou Thierry Ligonnière, durante o 47.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que decorre em Ponta Delgada, São Miguel, nos Açores.
Questionado sobre quando pensa poder ser vislumbrada a nova infraestrutura, o presidente executivo (CEO) relembrou que o avançar do "novo aeroporto vai depender da solução escolhida", mas alertou: "É preciso muita objetividade na análise das diferentes opções que estão a ser avaliadas pela comissão".
A Comissão Técnica que irá levar a cabo a avaliação ambiental estratégica para o novo aeroporto de Lisboa vai estudar cinco soluções, podendo ainda propor mais caso entenda.
"É preciso que haja uma resposta objetiva, realista e pragmática a todas as perguntas que condicionam a exequibilidade do projeto para não se acabar num impasse, na escolha do projeto que afinal não tem capacidade de conseguir uma declaração ambiental ou não é exequível em termos económicos porque o pacote a financiar é demasiado elevado e os clientes não querem pagar as taxas correspondentes a financiar a criação desta infraestrutura", reforçou o CEO da empresa gestora dos aeroportos em Portugal.
Sobre a sua expectativa para o prazo, voltou a referir que "em função da solução escolhida o tempo da execução não é o mesmo", acrescentando que "os projetos aeroportuários são demorados", deixando também sobre este tema um alerta. "Quanto maior o projeto -- sobretudo os que não foram estudados até agora -- maior o tempo de implementação", disse
Ainda assim, e a apesar de a ANA vir a afirmar que menos demorado e economicamente mais barato e viável é a solução Montijo, Thierry Ligonnière garante que "a ANA fará aquilo que o Governo decidir".
"A posição da ANA tem sido conhecida ao longo deste processo e agora estamos, por vezes, a ser 'atacados' pelas posições assumidas anteriormente. Nós fazemos o nosso trabalho. O nosso contrato de execução diz para estudarmos a solução menos cara, de mais rápida implementação, e aí fazemos o nosso trabalho, mas obviamente somos uma concessionária de serviço público aeroportuário e quem decide não somos nós, é o Estado português. Estamos disponíveis para concretizar essa decisão", referiu ainda.
Em causa nas cinco possibilidades que estão em análise, está a solução em que o Aeroporto Humberto Delgado fica como aeroporto principal e Montijo como complementar, uma segunda em que o Montijo adquire progressivamente o estatuto de principal e Humberto Delgado de complementar, uma terceira em que Alcochete substitui integralmente o Aeroporto Humberto Delgado, uma quarta em que será este aeroporto o principal e Santarém o complementar e uma quinta em que Santarém substitui integralmente Humberto Delgado.
"Portanto, que o trabalho seja feito, seja feito rapidamente, com pessoas que já tiveram oportunidade na vida real de fazer esse tipo de projetos, apostando o seu dinheiro -- estou a falar de bancos que fizeram o desenvolvimento de projetos de aeroportos, que tiveram que fazer uma aposta --, porque no final isto são modelos financeiros, são projeções de tráfegos, é a possibilidade de conseguir uma declaração ambiental, e esta sexta-feira há muito mais consciência dos impactos ambientais para todos nós e para uma grande parte dos observadores -- da população em termos gerais (...)", acrescenta o CEO da ANA.
Thierry Ligonnière lembrou ainda que para as populações no geral construir aeroportos de raiz, em solos virgens, é uma situação "completamente extemporânea".
"É preciso termos os pés muito bem assentes na terra para não chegarmos a uma solução que depois não pode ser desenvolvida", reforçou na conclusão.
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