A aposta em elementos não jogo e clientes estrangeiros são duas das exigências estabelecidas no concurso público pelas autoridades da região administrativa chinesa que esperam assim diversificar a economia do território, fortemente dependente das receitas dos casinos.
A MGM Grand Paradise planeia aumentar a rede de vendas no exterior e organizar eventos nas filiais da Ásia e do Médio Oriente, para "atrair clientes de países estrangeiros diretamente para Macau", nomeadamente "através de voos charter", disse a administradora delegada da empresa, Pansy Ho, na conferência de imprensa de apresentação do plano de ação para os próximos dez anos.
A responsável, filha do falecido magnata do jogo Stanley Ho, salientou que dos 16,7 mil milhões de patacas (1,9 mil milhões de euros) de investimento para a próxima década, "15 mil milhões de patacas [1,7 mil milhões de euros], aproximadamente 90%, serão destinados ao desenvolvimento de mercados de visitantes internacionais e projetos não relacionados com o jogo".
No mesmo sentido, o irmão Lawrence Ho, administrador delegado de outra concessionária, a Melco Resorts, frisou que serão utilizados "dois aviões privados" da empresa para "atrair clientes com grande poder de consumo".
Ho, que espera apostar também em turistas europeus e do Médio Orirnte, referiu que a operadora prevê gastar 11,8 mil milhões de patacas (1,3 mil milhões de euros) numa década, sendo que à volta de 10 mil milhões de patacas (1,1 mil milhões de euros) serão orientados para o segmento além-casino e, desses, 1,9 mil milhões (223 milhões de euros) para trazer visitantes de fora.
A Galaxy, por sua vez, também quer "apostar em clientela com capacidade de consumo", de acordo com o administrador delegado Francis Lui Yiu Tung, "porque esses clientes são quem pode fortalecer a economia".
Com uma previsão de aplicar 28,4 mil milhões de patacas (3,3 mil milhões de euros) na estratégia para os próximos dez anos, a empresa vai canalizar 96% desse valor em projetos fora do âmbito do jogo.
Já a Wynn Resorts quer empregar 17,7 mil milhões de patacas (2,07 mil milhões de euros) na próxima década, dos quais 16,5 mil milhões de patacas (1,9 mil milhões de euros) em elementos não jogo. Nos planos, está o alargamento dos escritórios de venda e agências no exterior, em vários países asiáticos e ainda no Canadá e nos Estados Unidos.
"Vamos desenvolver parcerias regionais e internacionais com companhias aéreas que sirvam Macau e Hong Kong, e explorar voos charter e serviços de voos privados para os clientes", notou o diretor financeiro e administrativo, Craig Jeffrey Fullalove.
A Venetian Macau (Sands) é quem apresenta o investimento mais alto das seis operadoras, com a promessa de gastar 30,2 mil milhões de patacas (3,6 mil milhões de euros), incluindo 27,8 mil milhões (3,2 mil milhões de euros) em programas não jogo.
Para atrair o mundo lá fora, o diretor executivo Wilfred Wong Ying Wai quer também "concentrar as despesas de marketing em mercados estrangeiros, incluindo na imprensa estrangeira e em plataformas de distribuição".
Por fim, a mais antiga concessionária a operar em Macau, a Sociedade de Jogos de Macau (SJM), representada pela administradora delegada Daisy Ho, também filha de Stanley Ho, apresentou planos para expandir a base de clientes além-fronteiras - numa primeira fase nos mercados do norte da Ásia e do Sudeste Asiático.
"A SJM também aproveitará em pleno os seus próprios recursos e a extensa rede de transporte aéreo, terrestre e marítimo das empresas do mesmo grupo para proporcionar um serviço de transporte em conectividade sem descontinuidade aos visitantes internacionais", assegurou a responsável.
Com um investimento antecipado de 14,03 mil milhões de patacas (1,6 mil milhões de euros), cerca de 12 milhões (1,4 mil milhões de euros) destinam-se a atividades fora do casino.
Durante a conferência de imprensa, o Governo admitiu serem necessárias mais ligações aéreas ao território - Macau só tem voos diretos para destinos na Ásia - com o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, a considerar que "é possível aproveitar a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau" e, nesse sentido, devem ser feitas "propostas de facilitação de acesso às fronteiras" com as autoridades vizinhas para que a entrada e saída de visitantes internacionais seja agilizada.
Também ficou a promessa por parte das concessionárias em assegurar o emprego dos residentes - outra das exigências das autoridades - com Wilfred Wong, da Venetian Macau, a garantir que o emprego local e a ascensão profissional "são princípios fundamentais" da empresa.
Francis Lui referiu que "90% da camada gestora" do Galaxy são residentes e que a concessionária "vai continuar a oferecer oportunidades de ascensão aos locais".
Já Daisy Ho garantiu que os trabalhadores de alguns casinos satélites associados à SJM, que fecharam portas devido a novas regras, vão participar "em ações de formação" para "que trabalhem em postos não jogo".
As seis operadoras de jogo presentes em Macau renovaram na sexta-feira o contrato de concessão para os próximos dez anos, em vigor a partir de 01 de janeiro de 2023.
O Governo anunciou no final de novembro a atribuição da licença de jogo às seis empresas, deixando de fora a nova concorrente Genting (GMM) "sem experiência de exploração de jogo" no território.
Por ordem de classificação, MGM Grand Paradise, Galaxy Casino, Venetian Macau, Melco Resorts (Macau), Wynn Resorts (Macau) e SJM Resorts viram as propostas aprovadas.
Desde o início da pandemia, as operadoras em Macau, que começou a relaxar a política chinesa de 'zero covid', têm acumulado prejuízos sem precedentes devido à queda do número de visitantes.
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