Christine Ourmières-Widener está à frente da TAP desde junho de 2021. No balanço do primeiro ano à frente da companhia aérea, a presidente executiva da empresa disse ter "consciência de que existem muitos desafios" associados ao plano de reestruturação, mas há outras polémicas a marcar o seu mandato.
Os últimos meses ficam também marcados por cortes salariais, greves, a contratação de uma amiga, a renovação da frota automóvel e, agora recentemente, pela indemnização paga a Alexandra Reis - que levou, inclusive, à saída de Pedro Nuno Santos do Governo.
1. Cortes salariais
Os cortes salariais têm sido tema nos últimos meses. Apesar de tudo, em junho de 2022, a presidente da Comissão Executiva da TAP disse que a redução dos cortes salariais dos pilotos e dos restantes trabalhadores seria aplicada nesse mesmo mês.
A TAP anunciou que iria reduzir em 10% o corte que os pilotos sofreram nos vencimentos, para 35%, e aumentar o patamar a partir do qual aplicaria reduções nos salários dos restantes trabalhadores, de 1.330 euros para 1.410 euros, no âmbito do processo de reestruturação negociado com Bruxelas.
2. Greves
Os tripulantes da TAP avançaram com uma greve nos dias 8 e 9 de dezembro, convocada pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), apontando como motivos o "descontentamento, revolta e mal-estar" entre os trabalhadores.
Esta paralisação levou ao cancelamento de vários voos e o SNPVAC realiza hoje uma assembleia-geral de emergência para discutir uma proposta da TAP, no âmbito das negociações para fazer face às reivindicações destes profissionais.
3. Contratação de amiga para diretora
Em outubro foi noticiado que a TAP contratou uma amiga da CEO da empresa para o cargo de diretora de Melhoria Contínua e Sustentabilidade. A companhia aérea negou qualquer envolvimento da CEO da companhia aérea na contratação de Isabel Nicolau Silva para o cargo de diretora de melhoria contínua e sustentabilidade.
Em resposta ao Notícias ao Minuto, fonte oficial da TAP disse ainda que o salário que a responsável vai ganhar é "substancialmente inferior" aos 15 mil euros por mês que estão a circular.
4. Renovação da frota automóvel
Ainda em outubro, a TAP encomendou uma nova frota de automóveis BMW para a administração e gestores, substituindo os da Peugeot, defendendo que esta renovação permitiria uma poupança de 630 mil euros anuais. O tema gerou polémica e levou, inclusive, a administração da companhia aérea a recuar.
Nesta senda, a TAP revelou que iria manter a frota atual pelo período máximo de um ano, enquanto reavalia a política de mobilidade da empresa, reiterando, no entanto, que a decisão de comprar carros de luxo é a "menos onerosa" para a companhia aérea.
5. Indemnização paga a Alexandra Reis
Na atualidade está o caso Alexandra Reis, que recebeu uma indemnização de meio milhão de euros por sair antecipadamente, em fevereiro, do cargo de administradora executiva da transportadora aérea. A antiga governante ainda tinha de cumprir funções durante dois anos e, em junho, foi nomeada pelo Governo para a presidência da Navegação Aérea de Portugal (NAV).
Este mês foi escolhida para secretária de Estado do Tesouro, tendo abandonado o cargo na terça-feira à noite.
Quando Christine Ourmières-Widener chegou, reestruturação já estava em curso
A reestruturação da companhia aérea estava já em curso antes da chegada da engenheira aeronáutica natural de Avignon, França, que assumiu o compromisso de continuar a execução do plano.
A relação entre empresa e trabalhadores tem sido, de resto, um dos principais desafios da CEO, com os sindicatos que representam os trabalhadores da TAP contra os despedimentos e cortes salariais, considerando que o plano de reestruturação levará à destruição da companhia.
Afinal, como está a TAP?
Os dados mais recentes revelam que a TAP registou lucros de 111 milhões de euros no 3.º trimestre deste ano. A companhia aérea explica que este resultado foi "impulsionado por fortes resultados operacionais e efeitos positivos da implementação da política de cobertura cambial".
De resto, a resolução que renova a declaração da TAP S.A., da Portugália e da Cateringpor, de situação económica difícil, essencial para executar o plano de reestruturação, foi publicada, na quarta-feira, em Diário da República.
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