Carris Metropolitana na margem norte deixa sindicatos otimistas

O sindicato dos trabalhadores da Rodoviária de Lisboa receia que a Carris Metropolitana não arranque em pleno no distrito de Lisboa, mas outros sindicatos ouvidos pela agência Lusa acreditam que não se vão repetir erros do passado.

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Lusa
29/12/2022 18:21 ‧ 29/12/2022 por Lusa

Economia

Carris Metropolitana

"Isto não vai correr bem", antevê o presidente do Sindicato Independente dos Trabalhadores da Rodoviária de Lisboa (SITRL), João Casimiro, à Lusa, porque diz não haver "motoristas suficientes" na empresa para assegurar o reforço do transporte de autocarros.

Por isso, o sindicalista não espera um arranque completo das operações da Carris Metropolitana no distrito de Lisboa, a partir de 01 de janeiro.

Depois de iniciar funções, no verão, na margem sul do Tejo (distrito de Setúbal), a Carris Metropolitana, que pretende uniformizar os transportes rodoviários de passageiros em toda a Área Metropolitana de Lisboa (AML), começa a operar a partir de domingo, na margem norte da AML, passando todos os autocarros a ser amarelos e com o mesmo símbolo.

Gerida pela Transportes Metropolitanos de Lisboa, a operação da Carris Metropolitana é assegurada pelos operadores privados que já faziam as carreiras naqueles territórios.

Assim, a partir de domingo, a Viação Alvorada (que funde a Scotturb e a Vimeca) vai operar em Oeiras, Sintra e Amadora, com ligações intermunicipais com Lisboa e Cascais.

Já a Rodoviária de Lisboa, juntamente com outras empresas do Grupo Barraqueiro, como a Santo António, a Mafrense ou a Isidoro Duarte, mantêm o serviço em Loures, Odivelas, Mafra e Vila Franca de Xira, assegurando viagens intermunicipais com Lisboa.

Além dos cerca de 600 motoristas da Rodoviária de Lisboa, a empresa contratou recentemente mais de 300 profissionais, a maioria de nacionalidade brasileira, mas, segundo João Casimiro, não chegam para fazer face à nova oferta.

"A maior parte deles não estarão preparados a partir de dia 01 de janeiro", frisou o dirigente sindical, referindo que muitos ainda estão em formação e a tratar de vistos.

João Casimiro conta ainda que alguns motoristas imigrantes estão a passar dificuldades e fome, e que a transportadora poderia ter acompanhado melhor a sua vinda para Portugal.

Contactada pela Lusa, a Rodoviária de Lisboa não respondeu até à tarde de hoje às questões levantadas pelo SITRL.

Ainda assim, os sindicatos ouvidos pela Lusa disseram que a preparação dos serviços da Carris Metropolitana correu bem e esperam que os erros cometidos no início das operações na margem sul do rio Tejo não se repitam.

"As orientações não foram dadas de forma atempada [na margem sul]", diz Manuel Oliveira, do Sindicato Nacional dos Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT), esperando que os problemas anteriores "tenham servido de aprendizagem".

Já o coordenador da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira, afirma que "há condições" para iniciar o novo serviço, segundo o que a Viação Alvorada lhes transmitiu.

"Naturalmente vamos ter problemas de início", refere José Manuel Oliveira sobre a habituação à nova oferta, mas garante que a formação dos trabalhadores decorreu de forma "serena".

A Viação Alvorada também foi contactada pela Lusa e remeteu explicações para a Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), que ainda não se pronunciou.

A Carris Metropolitana começou a operar no dia 01 de junho nos concelhos de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, na Margem Sul, com novos horários, linhas e autocarros amarelos.

No entanto, foi, durante meses, alvo de fortes críticas por parte de autarquias, sindicatos e utilizadores por problemas no funcionamento das linhas, devido sobretudo à falta de motoristas.

Isso levou a Alsa Todi, empresa de transportes públicos rodoviários na Península de Setúbal, a contratar mais 75 motoristas.

Um mês depois, em 01 de julho, arrancou a operação nos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra, no distrito de Setúbal.

Inicialmente, estava previsto que a Carris Metropolitana iniciasse a operação na margem norte também em 01 de julho, mas a falta de viaturas novas e de motoristas foram algumas das razões apontadas pela TML para justificar o adiamento.

Em novembro, a Transportes Metropolitanos de Lisboa indicou que as operadoras da margem norte "assumiram estar em condições de iniciar a operação rodoviária" a partir de janeiro e asseguraram ter "o número de viaturas e de motoristas necessários para a oferta prevista contratualmente, que pressupõe desde logo um aumento significativo de linhas e horários".

A operação da Carris Metropolitana foi dividida em quatro zonas, duas envolvendo municípios da margem norte e outras duas na margem sul do Tejo.

A 'área 1' inclui Amadora, Cascais, Lisboa, Oeiras e Sintra, a 'área 2' Loures, Mafra, Odivelas e Vila Franca de Xira, a 'área 3' Almada, Seixal e Sesimbra e a 'área 4' Alcochete, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal.

Na margem sul, a operação na área 3 foi concessionada aos Transportes Sul do Tejo e na área 4 à Alsa Todi, que assegura ainda as ligações intermunicipais ao Barreiro e para fora da AML para a zona do Alentejo central.

Na margem norte, a área 1, concessionada à Viação Alvorada, inclui Amadora Oeiras e Sintra com ligações intermunicipais a Lisboa e a Cascais e ligação à zona do Oeste, enquanto a área 2 foi entregue à Rodoviária de Lisboa.

Em Lisboa, Barreiro e Cascais a operação continua a ser realizada por operadores internos, respetivamente Carris, Transportes Coletivos do Barreiro (TCB) e Mobi Cascais.

A Carris Metropolitana vai seguir um novo sistema de numeração, pelo que mudarão, a partir de 01 de janeiro, os números das carreiras atuais.

No 'website' da marca é possível utilizar o "conversor de linhas" para saber as novas referências, tal como para conhecer os horários e as paragens das carreiras, que também estão nos postes instalados nos locais por onde os autocarros vão passar.

Leia Também: Carris Metropolitana começa a operar no distrito de Lisboa no domingo

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