Em comunicado, o STEC refere-se à audição de Paulo Macedo na Assembleia da República, na semana passada, e diz que são os trabalhadores -- e não a gestão -- os "responsáveis diretos" pela recuperação da CGD e pelos lucros que esta tem vindo a obter. Já os prejuízos de anos anteriores, acrescenta o sindicato, são "responsabilidade direta de uma gestão leviana e danosa, sem culpabilização, como é público".
Em comunicado, o STEC recusa a informação do presidente executivo da CGD, Paulo Macedo, de que os trabalhadores ganham, em média, 2.500 euros por mês, afirmando que a "esmagadora maioria dos trabalhadores da CGD não aufere nem de perto, nem de longe, tal remuneração, a não ser que a administração da CGD esteja a considerar as suas próprias remunerações (mais de três milhões de euros anuais) para chegar a esta média".
A Lusa questionou a CGD para saber como o banco chegou a esse valor, mas até ao momento não obteve resposta.
Na semana passada, a administração executiva da CGD foi ouvida no parlamento sobre o fecho de 23 balcões no verão. O administrador José João Guilherme estimou que a CGD vai poupar 10 milhões de euros por ano.
Ainda no comunicado, o STEC questiona como é que o banco público que apresenta lucros elevados - que o sindicato estima que em 2022 tenham atingido 1.000 milhões de euros - "decide deixar umas centenas de milhar de portugueses sem acesso a serviços bancários para poupar 10 milhões de euros".
O STEC considera ainda "inaceitável e vergonhosa" a proposta da CGD de aumentar os salários em 3% (média ponderada) este ano. O sindicato exige um aumento de 8,3% (média ponderada).
Em outro comunicado, o STEC informa que esta semana já houve uma reunião entre STEC e a CGD para negociar aumentos e que haverá uma nova na próxima semana.
"É fundamental para a paz social da empresa chegar-se a uma negociação com aumentos salariais justos, que façam com que todos os trabalhadores no ativo, pré-reformados e reformados, consigam fazer face ao brutal aumento do custo de vida e da inflação que se fazem sentir desde 2022", refere o STEC.
A propósito do caso TAP, o STEC lembra ainda que na CGD houve no passado recente o "pagamento de indemnizações douradas a dois ex-administradores como 'compensação' por curtos meses de trabalho".
Este caso aconteceu em 2017 e o valor foi pago aos administradores Tiago Ravara Marques e Pedro Durão Leitão (que tinham feito parte da equipa de António Domingues) por terem sido destituídos dos cargos sem justa causa aquando da entrada em funções da equipa de Paulo Macedo.
O STEC questiona se "estas indemnizações, numa empresa acabada de ser recapitalizada, foram autorizadas por quem tutela a empresa, o Ministério das Finanças".
O sindicato diz que não pode deixar de se indignar com as "mãos largas" que há para administradores quando trabalhadores vivem "com enormes dificuldades".
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