A ex-administradora da TAP Teresa Lopes recebeu uma indemnização de mais de o dobro de Alexandra Reis - num acordo concretizado em 2017 -, apurou a CNN Portugal, esta quinta-feira.
A denúncia foi feita na quarta-feira por Miguel Relvas, na CNN Portugal, dizendo que a "houve uma diretora, antes administradora, que recebeu mais de um milhão de euros”, sem revelar a identidade.
A CNN Portugal apurou, entretanto, que Teresa Lopes - que assumiu o cargo de administração financeira (CFO) da TAP no final de 2014, durante a presidência de Fernando Pinto - exerceu as funções durante cerca de um ano, com um salário de cerca de 15 mil euros mensais.
Segundo o mesmo canal, a responsável esteve abrangida pelo Estatuto de Gestor Público, com uma salário bruto anual de 245 mil euros (cortado, na altura, para 215 mil euros). Além disso, em regalias (seguros de saúde, de vida e de acidentes de trabalho, telemóvel, automóvel, combustível, portagens), acresciam 1500 euros mensais.
A ex-administradora assumiu o papel antes da privatização da empresa, entre dezembro de 2014 e novembro de 2015, mas anteriormente já pertencia à empresa. No total, fez parte da companhia durante mais de 30 anos.
O acordo de saída de Teresa Lopes terá sido fechado no final de 2017, um ano depois de o Estado ter revertido a privatização e assumido 50% da companhia, já no governo de António Costa. O pacote rondou 1,2 milhões de euros.
Teresa Costa continuou a trabalhar com a administração da empresa até março de 2020, tendo no final sido consultora.
O Estado acabou por tomar a totalidade do capital da companhia em 2020, com a empresa em colapso financeiro causado pela pandemia da Covid-19. No final de 2021, apresentou um plano de reestruturação negociado com a Comissão Europeia de 3,2 mil milhões de euros.
Mas quantas indemnizações pagou a TAP?
Segundo Christine Ourmières-Widener, atual presidente executiva da TAP, ouvida na quarta-feira no Parlamento, só Alexandra Reis saiu com indemnizações desde 2021.
A indemnização de Alexandra Reis tinha sido "considerada" milionária, antes de a de Teresa Lopes ser conhecida agora, via CNN Portugal. Além disso, os dados não são públicos uma vez que Teresa Lopes já não era administradora quando fechou o acordo - e só as indemnizações a administradores executivos são publicadas nos relatórios de contas.
A polémica indemnização milionária de Alexandra Reis provocou já a saída de três membros do Governo: a própria Alexandra Reis, da secretaria de Estado do Tesouro, e de Hugo Mendes e Pedro Nuno Santos, do Ministério das Infraestruturas.
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