Há vários navios por descarregar cereais devido à greve às horas extraordinárias dos trabalhadores da Silopor, o que levou as associações do setor a alertar para a possibilidade de estar a ser colocado em causa o abastecimento alimentar. O Governo já disse que está atento à situação.
"Estamos a falar de milho, trigo, cevada e soja, que estavam contratualizados ritmos de descarga de 11 mil toneladas por dia e com a greve às horas extraordinárias apenas vão ser executadas cerca de metade", disse Jaime Piçarra, secretário-geral da Associação Portuguesa dos Industriais dos Alimentos Compostos para Animais (IACA), em declarações à SIC Notícias. "É fácil perceber que vamos ter aqui alguns constrangimentos", acrescentou.
Na segunda-feira, as organizações que representam o comércio e indústria alimentar recordaram que "os trabalhadores da Silopor - Empresa de Silos Portuários, S.A. estão em greve à prestação de trabalho em horas extraordinárias até final de fevereiro", acrescentando que "a situação afeta os setores da produção de pão, alimentos compostos para animais, suinicultura e avicultura".
No seguimento destas declarações, o Ministério da Agricultura e da Alimentação garantiu estar a acompanhar "com atenção" a situação da Silopor, adiantando que, até ao momento, não tem registo de falta de abastecimento de bens alimentares.
"O Ministério da Agricultura e Alimentação está a acompanhar, com atenção, a situação da Silopor e os eventuais problemas daí resultantes", assegurou, em resposta à Lusa.
Até ao momento, o ministério tutelado por Maria do Céu Antunes não recebeu "qualquer indicação de falta de abastecimento de bens alimentares".
Culpa é de uma decisão de Alexandra Reis?
As associações disseram, ainda, que "esta greve tem origem numa decisão da ex-secretária de Estado [do Tesouro], Alexandra Reis, que colocou em vigor um despacho que impede o aumento dos trabalhadores das empresas de capitais públicos em liquidação, situação em que se encontra a Silopor há mais de vinte anos".
Em causa está a Associação Nacional de Armazenistas, Comerciantes e Importadores de Cereais e Oleaginosas, a Associação Portuguesa da Indústria de Moagem, a Associação Portuguesa dos Industriais dos Alimentos Compostos para Animais, a Federação Portuguesa das Associações Avícolas e a Federação Portuguesa das Associações de Suinicultores.
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