Cabo Verde procura investimento para desenvolvimento sustentável até 2030
Cabo Verde pretende atrair investimentos públicos e privados de 5.000 milhões de euros para cumprir até 2030 a agenda do programa de desenvolvimento sustentável e vai chamar ao país parceiros internacionais para pedir apoio.
© Lusa
Economia Cabo Verde
"Cabo Verde merece e está a receber muita simpatia da comunidade internacional. Estou convencido que nós seremos capazes de mobilizar o essencial do financiamento que precisamos para fazermos de Cabo Verde um país relevante para o continente africano, um país relevante para o mundo, um país melhor para cada um dos seus concidadãos no país, mas também espalhados por vários cantos do mundo", afirmou hoje o vice-primeiro-ministro, Olavo Correia.
O governante, que é também ministro das Finanças e do Fomento Empresarial, apresentou, na Praia, a Conferência Internacional de Parceiros PEDS (Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável) II, 2022/2026 -- primeiro ciclo do programa global "Ambição 2030" - que vai decorrer em 27 e 28 de abril próximos, na ilha da Boa Vista, sob o lema "Impulsionar mudanças e acelerar o desenvolvimento".
"O PEDS II vai ser financiado numa lógica não apenas pública, mas particularmente numa lógica de parceria público privada. Portanto, não é o Estado que vai financiar o PEDS, mas nós temos já até 2030 valores à volta de 5.000 milhões de euros de investimentos que devem ser canalizados para Cabo Verde. Investimentos públicos, mas também privados, e também no quadro de parcerias público-privadas", explicou Olavo Correia, à margem da apresentação, que já envolveu representantes da comunidade internacional.
"O PEDS é uma visão precisamente de Cabo Verde. Envolve setores público e privado, mas também as parcerias público-privadas, esse é o valor referencial que nós temos, vamos trabalhar com os parceiros para podermos, em função disso, garantir financiamento para cada projeto em concreto que faz parte daquilo que é o núcleo central de projetos catalíticos para acelerarmos o desenvolvimento do crescimento de Cabo Verde", acrescentou.
A conferência a realizar em abril visa precisamente promover o diálogo técnico e político com os parceiros de desenvolvimento de Cabo Verde para mobilizar recursos e parcerias para a realização dos projetos tidos como "transformadores" do arquipélago ao abrigo do PEDS II.
De acordo com a apresentação, entre os resultados esperados para este encontro que pretende juntar parceiros internacionais na ilha da Boa Vista está a "concretização" de parcerias público-privadas, a mobilização de financiamento para parcerias com o setor privado nacional, bem como de investidores da diáspora cabo-verdiana, mas também garantir de parceiros de desenvolvimento financiamento para "projetos públicos transformadores ou prioritários".
Durante a conferência será ainda apresentado o Fundo Climático e Ambiental que Cabo Verde está a ultimar, que já tem o apoio de Portugal, prevendo a transformação da dívida pública do país em projetos de ambientais e de combate às alterações climáticas.
"Temos vários parceiros que trabalham já com Cabo Verde nesta área e estamos a ultimar o conceito em relação ao Fundo, para poder mobilizar mais parceiros. Eu estou em crer que é um tema que mobiliza muita gente e muitos parceiros. Transição energética e transição climática é um tema que não é apenas importante para Cabo Verde, é importante para todo o mundo e, portanto, há aqui uma abertura enorme de todos parceiros multilaterais e bilaterais para ajudar Cabo Verde a financiar a sua agenda em matéria de transição climática, mas também de promoção de uma economia verdadeiramente circular", explicou Olavo Correia.
Entre os setores "prioritários" para captar investimento dos parceiros internacionais nesta conferência o Governo cabo-verdiano colocou o Turismo, a Economia Digital, a Indústria, os Transportes Marítimos, a Economia Azul, a Agricultura, a Cultura e Indústrias Criativas, o Capital Humano, a Transição Energética Água e Saneamento, os Transportes Aéreos e a constituição de uma Plataforma Internacional da Saúde no arquipélago.
"Eu acho que isso é o mais importante em relação à visão tem a ver com a liderança. Nós temos que apropriar a visão e ter uma liderança que seja capaz de convencer os 'players' e os atores em como este é o caminho para que depois os projetos possam ser financiados e possam ser concretizados. Esse é o desafio maior. Não é apenas uma liderança do topo, é ao nível de todo o sistema, do Governo, setor privado, sociedade civil, as universidades", sublinhou o vice-primeiro-ministro.
"Se tivermos uma boa visão, uma boa estratégia, uma boa liderança técnica e política, estou convencido que nós conseguiremos mobilizar parceiros para financiar e para garantir a aceleração da agenda de afirmação de Cabo Verde nessas áreas que são cruciais para o futuro do nosso país, mas também do mundo", reconheceu igualmente Olavo Correia.
O PEDS II foi apresentado pelo Governo cabo-verdiano em 2022, concebido para consolidar a estratégia de desenvolvimento sustentável e acelerar transformações estruturais que tornem o país mais resiliente e menos vulnerável a choques externos, proporcionando ainda um crescimento económico médio anual não abaixo de 5%, a erradicação da pobreza extrema até 2026, a redução da pobreza absoluta e a redução das assimetrias regionais, reforçando a coesão territorial e a coesão social.
O plano pretende cumprir os objetivos estratégicos de Cabo Verde, nomeadamente, garantir a recuperação económica, a consolidação orçamental e o crescimento sustentável, promover a diversificação e fazer de Cabo Verde uma economia de circulação localizada no Atlântico médio, entre outros.
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