O ano passado, em termos consolidados, a margem financeira cresceu 35,3% para 2.149,8 milhões de euros e as comissões subiram 6,1% para 771,9 milhões de euros.
Os custos operacionais caíram 3,8% para 1.073 milhões de euros, com os custos com pessoal a ascenderem a 564,3 milhões de euros (semelhante a 2021). O rácio de eficiência ('cost to income', custos face a receitas) ficou abaixo dos 40% em 2022 (37%), cumprindo já a meta do plano estratégico.
Ainda do lado dos custos, o destaque são os encargos de 525,6 milhões de euros com a carteira de créditos hipotecários em francos suíços no banco da Polónia.
O BCP tem uma importante operação na Polónia, onde detém 50,1% do Bank Millennium, onde tem vindo a assumir elevados custos devido aos tribunais estarem a considerar que os créditos em francos suíços que a banca polaca fez têm "cláusulas abusivas" e que podem ser anulados.
Segundo Maya, a evolução desta contingência na Polónia ainda é imprevisível mas referiu que, em 2008, o banco tinha 54,6% do crédito hipotecário em francos suíços e em 2022 era 8,1%. Desde 2018, o BCP já criou mais de 1.000 milhões de euros de provisões e imparidades para estes créditos.
Ainda em 2022, havia cerca de 16 mil processos em tribunal na Polónia contra o BCP, que também tem vindo a fazer milhares de acordos extrajudiciais para minimizar riscos.
Quanto ao balanço consolidado do BCP, em 2022, o crédito (bruto) caiu 0,9% para 57.713 milhões de euros em 31 de dezembro de 2022. em Portugal, o crédito avançou uns ligeiros 0,7% para 40.149 milhões de euros.
Já os depósitos e outros recursos de clientes subiram 9,1% para 75.907 milhões de euros.
Sobre juros dos depósitos, Miguel Maya disse hoje que o banco não comenta a sua política comercial mas que já desde há algum tempo tem começado a remunerar mais a poupança e que as subidas feitas são as consideradas "adequadas".
A subida dos juros dos depósitos nos principais bancos tem sido lenta, o que tem motivado críticas. A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou numa entrevista hoje divulgada que espera que os bancos reflitam na remuneração dos depósitos os aumentos das taxas de juro.
Quanto aos clientes que estão a levantar depósitos para aplicar em certificados de aforro, disse Maya que vê com "naturalidade" que haja quem aloque parte do seu património à dívida pública ao retalho. "Não diria que há fuga para certificados de aforro", afirmou.
Hoje o Banco de Portugal divulgou que, no final de janeiro, os particulares tinham 179.900 milhões de euros depositados nos bancos residentes, o que significa menos 2.500 milhões de euros face a dezembro, naquela que é "a maior redução de depósitos de particulares desde o início da série estatística, em 1979, e num mês em que as subscrições líquidas de certificados de aforro aumentaram 2.900 milhões de euros".
Ainda na conferência de imprensa das contas de 2022, hoje realizada, o presidente executivo do BCP disse que o valor do lucro "pode ser expressivo" mas que é preciso pôr "na devida perspetiva", pois mostra "rendibilidade positiva mas abaixo da que se exige para o BCP". Defendeu ainda a "maior prudência" na distribuição de dividendos (que será votada na assembleia geral do banco em maio) afirmando que a prioridade continua a ser proteger o capital.
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