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Presidente da EDA alerta para riscos da liberalização do mercado elétrico

O presidente da Eletricidade dos Açores (EDA) disse hoje que a produção de energia na região ainda é mais cara do no continente português e alegou que a liberalização do mercado podia implicar uma diferenciação de preços por ilha.

Presidente da EDA alerta para riscos da liberalização do mercado elétrico
Notícias ao Minuto

22:28 - 13/03/23 por Lusa

Economia Açores

"Na mera hipótese de se avançar para uma liberalização do mercado elétrico regional, é legítimo perguntar se estamos disponíveis para aceitar preços de eletricidade diferentes em cada ilha, uma vez que os custos de produção são muito diferentes de ilha para ilha", questionou o presidente do conselho de administração da EDA, Nuno Pimentel.

O responsável pela empresa, detida em 50,1% pela Região Autónoma dos Açores, falava, em Angra do Heroísmo, na inauguração do novo sistema de armazenamento de energia da ilha Terceira.

As câmaras de comércio e a Federação Agrícola dos Açores contestaram o aumento do preço das tarifas da eletricidade de baixa tensão especial e média tensão, aplicadas em janeiro de 2023, na região, alegando que podiam rondar entre 40 a 60%.

O presidente da EDA reconheceu hoje as "enormes dificuldades" que os aumentos, "decretados pela entidade reguladora [dos serviços energéticos]", estão a provocar nos "consumidores afetados", mas disse que é preciso ter "noção" da realidade e da dimensão dos Açores.

Nuno Pimentel salientou que os Açores têm "nove mercados isolados", porque não é "técnica e economicamente viável" transportar eletricidade por cabos submarinos na região.

Segundo o presidente da EDA, o arquipélago ficou excluído do mercado liberalizado europeu "por decisão da Comissão Europeia", por se integrar nas "micro-redes isoladas".

"A maior ilha da região, São Miguel, teve um consumo anual de energia de 424 gigawatts, em 2022. Também em 2022, o consumo total dos Açores foi de 768 gigawatts, ou seja, estamos muito distantes dos 3.000 gigawatts, dimensão considerada mínima para um mercado liberalizado eficiente", apontou.

Nuno Pimentel sublinhou que os custos de produção de eletricidade nos Açores "sempre foram e são muito superiores aos do continente".

"Antes da aplicação do princípio de convergência tarifária, as tarifas de eletricidade dos Açores eram cerca de 39% superiores às do continente", apontou.

O "custo real" do sistema elétrico dos Açores é, segundo o presidente da EDA, "muito superior às tarifas que são cobradas aos consumidores na região".

"Em 2023, este sobrecusto vai ascender a mais de 117 milhões de euros, que serão suportados pelo sistema elétrico nacional", referiu.

Quanto às reivindicações de redução do preço da eletricidade, devido ao aumento da penetração de energias renováveis, o responsável da elétrica açoriana frisou que essas energias "não se conseguem a custo zero".

"São necessários investimentos significativos e as tecnologias de produção e armazenamento utilizam metais raros, que são escassos e na maioria também localizados em países com limitações geopolíticas equivalentes aos combustíveis fósseis", vincou.

Leia Também: Ilha Terceira pode aumentar renováveis para 50% com novo sistema

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