O Credit Suisse viveu, na quarta-feira, o seu dia mais difícil na bolsa, perdendo um quarto do seu valor, com as suas ações a caírem para um nível historicamente baixo, abaixo de 2 francos suíços (2,03 euros). O impacto fez-se sentir em todos os mercados, incluindo na bolsa de Lisboa, que fechou com perdas de quase 3%.
Apesar de tudo, abriu a recuperar, esta quinta-feira, com as ações a subirem mais de 30%, sendo que, pouco depois, o principal acionista do banco veio dizer que o "pânico" é "injustificado".
O banco perdeu cerca de 30% do seu valor na bolsa de Zurique desde meados da semana passada, numa altura em que a sua própria crise interna, que remonta a 2019, se entrelaçou com a mais generalizada que a banca global está a atravessar, desencadeada pelo colapso do Silicon Valley Bank nos EUA.
Para o SNB e o Finma, "a atual turbulência no mercado bancário norte-americano não sugere que haja risco de contágio direto para os estabelecimentos suíços".
A preocupação ultrapassa as fronteiras do país alpino e o Departamento do Tesouro norte-americano referiu que está a "monitorizar a situação e em contacto com os seus homólogos internacionais".
Em França, a primeira-ministra Elisabeth Borne apelou publicamente às autoridades suíças para resolver os problemas do banco e pediu ao ministro das Finanças para falar com o homólogo em Berna.
O banco tem vindo a registar perdas milionárias durante dois anos: em 2021 ascenderam a 1,57 mil milhões de francos suíços (1,6 mil milhões de euros) e em 2022 quase quintuplicaram para 7,29 mil milhões de francos (7,4 mil milhões de euros). O Credit Suisse também sofreu levantamentos de liquidez no valor de 123,2 mil milhões de francos suíços (126 mil milhões de euros) no ano passado.
Banco Nacional da Suíça empresta 50,7 mil milhões para "fortalecer" contas
Na quarta-feira, o Credit Suisse anunciou que irá receber um empréstimo de até 50 mil milhões de francos suíços (50,7 mil milhões de euros) do banco central da Suíça para "fortalecer" as contas da instituição.
Ao mesmo tempo, o segundo maior banco suíço anunciou uma série de operações de recompra de dívida no valor de cerca de 3 mil milhões de francos suíços (3,04 mil milhões de euros).
"Estas medidas são um movimento decisivo para fortalecer o Credit Suisse enquanto continuamos a nossa transformação estratégica para criar valor para os nossos clientes e outras partes interessadas", disse o presidente executivo do banco, Ulrich Koerner, num comunicado.
O empréstimo de curto prazo surgiu horas depois de, num comunicado conjunto, o Banco Nacional da Suíça (BNS) e o regulador financeiro da Suíça (Finma) terem assegurado que iriam fornecer liquidez ao Credit Suisse, se necessário, perante o pior momento em 167 anos de história do banco.
Qual é a estratégia do banco para pôr fim à crise?
A principal estratégia que o banco lançou para tentar pôr fim à sua crise é o plano de reestruturação lançado em outubro, que incluiu um aumento de capital de quatro mil milhões de francos (4,09 mil milhões de euros).
O aumento de capital viu o Banco Nacional Saudita tornar-se o maior acionista da empresa, depois de investir 1,5 mil milhões de francos suíços (1,53 mil milhões de euros). O presidente do banco saudita, Ammar al Khudairy, disse na quarta-feira numa entrevista que a instituição não iria aumentar este investimento, o que contribuiu para que o Credit Suisse caísse ainda mais na bolsa de valores.
[Notícia atualizada às 11h11]
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