A remuneração total de um CEO em Portugal é, em média, 1,5 vezes superior à remuneração dos restantes vogais executivos e 10,9 vezes superior à média de remuneração dos restantes funcionários, de acordo com um estudo desenvolvido pela Mercer e divulgado esta quinta-feira.
O estudo - 'Remuneração de Executivos' - traça também um cenário sobre o caminho da igualdade de género na liderança das organizações no nosso país: "Os dados recolhidos demonstram que a constituição das Comissões Executivas das organizações inquiridas é composta maioritariamente por homens (75%), sendo que para cargos de CEO a discrepância face ao género sub-representado é ainda maior, com 90% das empresas a serem lideradas por homens".
No comunicado enviado ao Notícias ao Minuto, a Mercer adianta ainda que "perante um contexto de regresso à normalidade, o estudo aponta para um impacto progressivamente menor da pandemia nas políticas de remuneração de executivos".
"Apesar de o início de 2022 ter ficado marcado pela escalada da inflação, os aumentos salariais, entre janeiro e abril do ano passado, foram ligeiramente superiores à tendência recente. Na altura, as empresas acreditavam num eventual abrandamento da pressão inflacionista, o que não se verificou devido ao agudizar do conflito na Ucrânia", pode ler-se.
O que esperar de 2023? O estudo revela que os "aumentos salariais nos mercado maduros serão superiores aos valores recentes, mas muito inferiores às atuais expetativas de inflação. Dada a probabilidade de uma diminuição dos rendimentos em termos reais e as consequências mais graves da inflação para os colaboradores com rendimentos mais baixos, os Comités de Remuneração terão de agir com sensibilidade na definição de aumentos para executivos face a este novo enquadramento".
Já os pagamentos reais de bónus de desempenho de 2023 "serão provavelmente inferiores aos de anos anteriores na maioria dos setores devido ao impacto económico da inflação e da guerra na Ucrânia". Além disso, "os valores dos incentivos de longo prazo podem permanecer ligeiramente deprimidos para as empresas que fixaram objetivos financeiros para 2022 no início pré-pandémico de 2020 com 2019 como ano base".
Para a realização deste estudo foram inquiridas 40 organizações a operar em Portugal, incluindo 13 cotadas em bolsa no índice PSI, e foram analisadas sete funções distintas de membros executivos.
Leia Também: Juros da dívida de Portugal sobem a dois, cinco e 10 anos