Nazaré da Costa Cabral falava na conferência de imprensa de apresentação do relatório sobre as perspetivas económicas e orçamentais 2023-2027, na sede da instituição, em Lisboa.
Quando questionada sobre o impacto da falência do SVB nos Estados Unidos e da crise no Credit Suisse, a responsável do Conselho das Finanças Públicas (CFP) explicou que a instituição ainda não tem indicações de que, no imediato, estes acontecimentos possam afetar as projeções divulgadas hoje, nomeadamente sobre o mercado de dívida, e que "possa criar instabilidade" nas condições de financiamento da economia portuguesa.
Contudo, recordou que não será possível esquecer "a lição de 2008 e 2009" e aquilo que foi a evolução decorrente de uma crise "que começou por ser bancária", mas acabou por se transformar também numa crise de finanças públicas.
"Penso que é o momento para evidenciar a prudência, ideia de responsabilidade de gestão de finanças públicas", disse, justificando que a situação financeira e orçamental de Portugal, "pese embora o esforço que tem sido feito" ainda não é uma situação "completamente tranquilizadora".
Neste sentido, argumenta que é preciso ter foco em que os elevados níveis da dívida não tiram o país "completamente do radar do mercado financeiro".
Sobre os apoios, alertou que "o decisor vai ter de fazer a boa gestão" entre, por um lado ir ao encontro daquilo que são as solicitações de despesa por parte de grupos sociais, como as famílias mais vulneráveis, e por outro lado, a necessidade de garantir a solidez das finanças públicas.
"Qualquer tipo de pressão que possa vir e que possam levar a uma rigidificação da despesa são aspetos que vêm para ficar, para pressionar a despesa", recordou.
O CFP manteve hoje a projeção, num cenário de políticas invariantes, de crescimento da economia portuguesa de 1,2% este ano e aponta para um défice de 0,6%, abaixo da estimativa do Governo de 0,9%.
Questionada pelos jornalistas, disse que nas projeções está a assumir uma taxa de execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de cerca de 85%.
[Notícia atualizada às 17h47]
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