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BCP atualiza salários em 3% quando ainda decorrem negociações sindicais

O BCP vai atualizar os salários e as pensões dos seus reformados em 3% e aumentar o subsídio de almoço de 10,50 euros para 11,50 euros, segundo uma comunicação interna do banco a que a Lusa teve acesso.

BCP atualiza salários em 3% quando ainda decorrem negociações sindicais
Notícias ao Minuto

16:42 - 22/03/23 por Lusa

Economia BCP

Os valores serão já atualizados este mês e pagos os retroativos a janeiro. Esta é uma decisão unilateral da Comissão Executiva do banco, liderada por Miguel Maya, quando ainda decorrem negociações salariais.

Na comunicação interna, a que a Lusa teve acesso, a Comissão Executiva diz que faz estes aumentos "sem prejuízo do decurso do processo negocial com os sindicatos subscritores dos Acordo coletivo de Trabalho do grupo" e que continua "empenhada em fechar esse acordo com a brevidade possível".

Na semana passada, os sindicatos bancários Mais, SBC e SBN disseram que estavam à espera de "uma proposta digna" de aumento salarial por parte do BCP na próxima reunião de negociações, no dia 23, contestando os 2,5% apresentados na semana passada e que estão bem longe dos 8,5% reivindicados por estas estruturas

O banco decidiu também aumentar a remuneração mínima do banco, com efeitos a março, para 1.100 euros, e o valor da bolsa de estágios profissionais para 850 euros (acrescida de subsídio de almoço).

Na mensagem aos trabalhadores, o BCP diz que, "após um período muito difícil da vida do banco, que determinou a necessidade de apoio por parte dos contribuintes portugueses, a evolução tem sido francamente positiva na generalidade dos indicadores".

A exceção, afirma, é a rendibilidade, que "se encontra ainda num patamar reduzido e inferior ao custo de capital do banco".

O BCP diz que na recuperação têm sido muito importantes os acionistas, "aos quais na última década apenas por duas vezes foram pagos dividendos, tendo em ambas as vezes o 'payout' [pagamento de dividendos face aos lucros] sido de 10%, o que é manifestamente insuficiente".

A Comissão Executiva diz que a prosperidade do banco deve ser partilhada de forma "equilibrada" entre trabalhadores e acionistas e que essa preocupação foi demonstrada na reunião anual de quadros.

"Foi também evidenciado na reunião que os progressos que estão a ser alcançados permitem perspetivar que 2023 será o ano de transição e que, alcançados que sejam os objetivos estabelecidos no plano estratégico, como se prevê que aconteça, o BCP iniciará uma nova fase com capacidades reforçadas para gerar e partilhar mais valor com os 'stakeholders'", afirma.

O Millennium BCP teve lucros de 207,5 milhões de euros em 2022, mais 50% do que os 138,1 milhões de euros de 2021.

Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados anuais, questionado sobre a distribuição de dividendos, o presidente executivo do BCP, Miguel Maya, disse que o banco deve optar pela "maior prudência" e que a prioridade da Comissão Executiva é a proteção do capital do banco.

Por seu lado, o presidente do Conselho de Administração ('chairman', função não executiva), Nuno Amado, disse que o órgão que dirige "tem entendido e apoiado a decisão" da Comissão Executiva do BCP de precaução.

Contudo, acrescentou, a prioridade é pagar dividendos o mais rapidamente possível logo que os riscos estejam estabilizados: "O nosso objetivo é reabrir uma política de dividendos intensa", disse.

O BCP tem como principais acionistas o grupo chinês Fosun, com 29,95% do capital social, e a angolana Sonangol, com 19,49%. Tem ainda uma grande dispersão de ações em bolsa.

Esta semana, a CGD anunciou ter acordado com o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do grupo (STEC) a revisão da tabela salarial, incluindo um aumento de 76 euros para todos os trabalhadores e a subida do subsídio de almoço de 11,43 euros para 12,50 euros diários.

Quanto a outros bancos, mesmo sem acordo com sindicatos, Santander, BPI e Novo Banco estão, desde janeiro, a pagar aumentos salariais de 4%, o mesmo incremento praticado pelo Crédito Agrícola desde março com efeitos retroativos a janeiro, atualizações salariais decididas unilateralmente pelos bancos que ficam abaixo do reclamado pelos sindicatos.

Leia Também: Bolsa de Lisboa em alta com BCP a subir 3,55%

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