"Daquilo que conseguimos apurar, há uma conversa inicial em que a CEO [presidente executiva, Christine Ourmières-Widener] tentou de alguma forma retirar competências à engenheira Alexandra Reis, e no momento seguinte entendeu que não estavam reunidas condições para continuar a trabalhar com ela", afirmou o inspetor-geral de Finanças, António Ferreira dos Santos, que está a ser ouvido da comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP.
Segundo o inspetor-geral, Ourmières-Widener expressou que havia um "desajustamento de opiniões" com Alexandra Reis.
Questionado pelo deputado socialista Carlos Pereira, o inspetor-geral disse ainda que, nos esclarecimentos à IGF após ter sido noticiada a indemnização de meio milhão de euros, Alexandra Reis nunca referiu o 'e-mail' enviado ao então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, a colocar o lugar à disposição, em dezembro de 2021, antes do acordo para sair da TAP.
Ainda em resposta ao PS, o inspetor-geral explicou que a gestora francesa não foi ouvida pela IGF, como os restantes intervenientes diretos no processo de rescisão, pela questão da língua.
O obstáculo da língua, segundo a IGF, foi mesmo uma das principais razões para a presidente executiva da TAP não ter sido ouvida, considerando a entidade que acabou por dar mais oportunidade à gestora para se explicar sendo por escrito e não pessoalmente às perguntas concretas que foram enviadas.
O Governo anunciou a exoneração da presidente executiva da companhia aérea, Christine Ourmières-Widener, e do presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja, em 06 de março, depois de anunciados os resultados de uma auditoria da IGF, que concluiu que o acordo para a saída de Alexandra Reis é nulo e grande parte da indemnização de perto de meio de milhão de euros terá de ser devolvida.
A polémica começou no final de dezembro, altura em que o Correio da Manhã noticiou que a então secretária de Estado do Tesouro tinha recebido uma indemnização de cerca de 500.000 euros para sair dois anos antes do previsto da administração da empresa.
O processo foi negociado ao abrigo do código das sociedades comerciais, quando a TAP está abrangida pelo estatuto do gestor público.
O caso motivou uma remodelação no Governo, incluindo a saída do ex-ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos.
[Notícia atualizada às 19h27]
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