Corredor Verde? "Scholz teve um empenho pessoal", diz Costa
O primeiro-ministro frisou ainda que os dois países têm trabalhado juntos “em momentos bastante difíceis”, recordando a última visita do chanceler alemão, durante a pandemia de Covid.
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Economia Interconexões energéticas
Depois de receber Olaf Sholz em São Bento, António Costa referiu aos jornalistas que o encontro serviu para aprofundar relações bilaterais mas também falar sobre as “questões europeias”.
“Ao longo dos últimos anos, Portugal e a Alemanha têm tido uma convergência crescente relativamente às questões em debate na União Europeia e ambos partilhamos a necessidade de aprofundar a reflexão sobre o futuro da Europa, num momento em que está em cima da mesa a discussão sobre o novo processo de alargamento e onde é claro que, para que possa ser bem sucedido, é fundamental que as instituições europeias se possam preparar adequadamente para que esse alagamento, -como os anteriores-, seja um caso de sucesso”, disse.
O primeiro-ministro frisou ainda que os dois países têm trabalhado juntos “em momentos bastante difíceis”, recordando a última visita do chanceler, durante a pandemia de Covid.
“Partilhamos obviamente a condenação da invasão da Ucrânia pela Rússia e temos trabalhado também em conjunto para responder aos desafios que a guerra coloca às sociedades”, disse, referindo-se especificamente à temática da Energia.
Aqui, Costa felicitou Sholz pelo “trabalho excepcional" da Alemanha na recuperação da autonomia energética. Também sobre as negociações Portugal - Espanha - França sobre interconexões de gás, Scholz mereceu uma palavra de apreço, com Costa a dizer que a Alemanha é um “aliado”.
"O chanceler Scholz teve um empenho pessoal para ajudar a acabar com o impasse que durante anos bloqueou as negociações para a construção de novas interconexões elétricas e de gás para o centro da Europa. A Alemanha é importante nesta estratégia de criação de um corredor verde com base no hidrogénio e de outros gases renováveis, visando reforçar a autonomia energética da Europa", salientou o primeiro-ministro português.
Em relação ao aumento das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu (BCE), com Olaf Scholz ao seu lado, António Costa deu ênfase à questão da autonomia do banco central com sede em Frankfurt, mas também voltou a defender da tese que a atual inflação na Europa "não tem as mesmas causas dos Estados Unidos".
António Costa defendeu ainda a criação de um instrumento permanente de estabilização na União Europeia com o objetivo de permitir respostas rápidas a crises económicas ou financeiras.
"Há várias formas que esse instrumento poderá ter, mas a sua simples existência é um elemento de tranquilização dos mercados", sustentou.
Na conferência de imprensa, o líder do executivo português foi questionado se o encontro que teve com Olaf Scholz pode constituir uma etapa no seu processo de candidatura a um cargo europeu.
António Costa respondeu: "Se a Geografia não me atraiçoa, Portugal está na Europa".
"Eu estou no meu lugar na Europa. Um lugar que é aqui como primeiro-ministro de Portugal", acrescentou.
Em resposta, Olaf Scholz começou por mencionar o bom tempo que se faz sentir em Portugal, e diz que chegou a consensos na conversa com António Costa.
“Reagimos bem em conjunto na Europa a esta crise e saímos reforçados. Ao longo deste tempo temos estado sempre em contacto e Portugal e Alemanha partilham valores e estão de acordo em muitos assuntos. Temos espíritos parecidos e queremos aprofundar esta relação. Queremos ainda uma Europa geopolítica que consiga lidar com os seus desafios", afirmou.
O chanceler alemão falou ainda sobre a guerra, lembrando que esta vai deixar consequências por muito tempo. “Daí falarmos sobre uma mudança de tempo”, diz.
A guerra, diz, é também uma “ameaça a toda a arquitetura de segurança da Europa”. “A Rússia quer mudar a ordem de segurança pela força e nós não vamos permiti-lo”, afirmou, frisando o apoio à Ucrânia.
Por fim, honrou o contributo de Portugal, com o fornecimento de tanques Leopard, e pela iniciativa.
Recorde-se que Scholz discursa hoje num jantar que comemora os 50 anos da fundação do PS. A presença de Olaf Scholz pretende realçar o facto de o PS ter sido fundado em 19 de Abril de 1973, em Bad Munstereifel, nos arredores de Bona, e de ter contado desde início com um forte apoio material e político dos sociais-democratas alemães (SPD), partido então liderado pelo antigo chanceler Willy Brandt, e da Fundação Friedrich Ebert.
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