Nas previsões económicas de primavera, hoje divulgadas, o executivo comunitário estima então, para este ano, um crescimento económico na área da moeda única de 1,1% ao passo que, em fevereiro, estimativa 0,9%, e um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1% na União Europeia (UE), dois pontos percentuais acima do anteriormente projetado, 0,8%.
Para 2024, a estimativa agora divulgada indica que o PIB do euro avançará 1,6% quando anteriormente se esperava 1,5%, e que o crescimento económico da UE seja de 1,7% enquanto nas previsões de fevereiro se estimava 1,6%.
A revisão em ligeira alta é possível porque a economia do euro e da UE "teve um desempenho melhor do que o previsto", justifica Bruxelas no documento, notando que, apesar de nas previsões de fevereiro se prever uma contração no primeiro trimestre de 2023, neste período chegou mesmo a registar-se "um crescimento positivo".
De acordo com a estimativa provisória do Eurostat, o PIB registou um crescimento em cadeia, ou seja face aos três últimos meses de 2022, de 0,1% na área do euro e de 0,3% na UE no primeiro trimestre de 2023.
"A melhor posição de partida eleva as perspetivas de crescimento da economia da UE para 2023 e ligeiramente para 2024", salienta a Comissão Europeia, destacando que "a economia europeia conseguiu conter o impacto negativo da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, resistindo à crise energética graças a uma rápida diversificação da oferta e a uma redução considerável do consumo de gás" e, por isso, "a descida acentuada dos preços da energia está a repercutir-se na economia, reduzindo os custos de produção das empresas".
Acresce ainda que "o mercado de trabalho da UE tem vindo a superar as expectativas desde o início da pandemia", assinala a instituição.
Em conferência de imprensa, em Bruxelas, o comissário europeu da tutela, Paolo Gentiloni, destacou o "contexto melhor do esperado", que levou a economia comunitária a "evitar uma recessão e a crescer".
"A economia europeia evitou a recessão, tendo-se expandido no primeiro trimestre e deverá continuar a crescer moderadamente", sublinhou o responsável europeu, justificando a melhoria com a descida dos preços da energia e a resiliência do mercado de trabalho, ainda assim contrabalançada com "um aumento dos riscos" para o crescimento económico, como a inflação.
Depois de a taxa de desemprego da UE ter atingido um mínimo histórico de 6% em março deste ano e de os níveis de emprego estarem em valores máximos recorde, a Comissão Europeia estima agora que a taxa de desemprego na zona euro seja de 6,8% este ano e de 6,7% em 2024, sendo de 6,2% e de 6,1%, respetivamente, no conjunto dos 27 Estados-membros.
No que toca à taxa de emprego, o executivo comunitário admite que "o mercado de trabalho da UE reagirá a um ritmo ligeiramente mais lento" do que a economia, prevendo-se uma subida de 0,6% na área da moeda única este ano e de 0,5% em 2024.
Para a UE no seu conjunto, a taxa de emprego será de 0,5% em 2023 e de 0,4% no ano seguinte.
Ainda em termos laborais, "o crescimento dos salários tem vindo a aumentar desde o início de 2022, mas, até à data, tem-se mantido muito abaixo da inflação", adianta a Comissão Europeia, antevendo "aumentos salariais mais sustentados devido à persistente restritividade dos mercados de trabalho, aos fortes aumentos dos salários mínimos em vários países e, de um modo mais geral, à pressão dos trabalhadores para recuperar o poder de compra perdido".
Depois da pressão sobre as contas públicas pelos apoios orçamentais que os países deram para atenuar a crise energética, a Comissão Europeia espera ainda que "descida dos preços da energia permita aos governos eliminar progressivamente as medidas de apoio à energia", pelo que o défice da zona euro deverá baixar para 3,2% do PIB este ano e para 2,4% do PIB em 2024, enquanto no total da UE deverá ser de 3,1% do PIB em 2023 e de 2,4% no ano seguinte.
Também a dívida pública deverá "diminuir de forma constante", na área da moeda única, para 90,8% do PIB em 2023 e 89,9% do PIB em 2024, e para 83,4% do PIB e para 82,6% do PIB no conjunto da UE.
[Notícia atualizada às 09h57]
Leia Também: Bruxelas revê em alta crescimento do PIB português para 2,4% este ano