"A Evercore é uma opção exclusivamente da TAP, o Governo não disse de modo algum, o Ministério das Finanças não disse à TAP que podia ter um consultor nessa matéria", respondeu o secretário de Estado das Finanças ao deputado da IL Bernardo Blanco, na comissão de inquérito à companhia aérea, que perguntou por que está aquela consultora a trabalhar há vários meses para a TAP, sem contrato, no âmbito da reprivatização que está a ser preparada.
João Nuno Mendes foi perentório: "O Governo é 100% alheio a essa matéria".
O governante realçou ainda que "foi esclarecido à TAP que o processo de privatização era conduzido exclusivamente pelo Estado português", que os consultores serão "autonomamente decididos pelo Estado", habitualmente pela Parpública, e que nenhuma informação confidencial poderia ser mostrada a qualquer concorrente da companhia aérea de bandeira portuguesa.
"Quando essa possibilidade foi aventada, o Governo português rejeitou essa possibilidade, [...] mesmo que não fosse uma questão legal é uma questão de conflito de interesses, o Governo é que determina os consultores", reiterou, ressalvando compreender a iniciativa da empresa no sentido de se preparar para o processo.
O 'pré-arranque' da reprivatização da TAP foi dado com a publicação de uma resolução do Conselho de Ministros que determina a realização de duas avaliações independentes que têm de preceder o início propriamente dito do processo, que só acontece quando for publicado o decreto-lei resultante das conclusões do Governo relativo àquelas avaliações.
"Os consultores da privatização só serão selecionados pelo Estado após o decreto-lei ser publicado e isso representa a decisão final do Governo", sublinhou.
No início de abril, a então presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, disse, também na comissão de inquérito, que a consultora americana Evercore estava a trabalhar no processo de privatização há nove meses, sem contrato, desconhecendo se tinha sido feito algum pagamento pelos serviços.
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