"Entre 2019 e 2023, passámos de cerca de cinco milhões de metros cúbicos para 6,5 milhões. Há um crescimento assinalável, que tem a ver com o crescimento do setor da construção, quer privado, quer público", assinalou o presidente da APEB -- Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto, Luís Goucha, que falava à Lusa em vésperas da celebração do Dia do Betão.
O setor conta agora com aproximadamente 3.000 trabalhadores, fruto do crescimento registado, quando, no ano anterior, tinha cerca de 2.300 profissionais.
Já a faturação mantém a tendência de progresso verificada desde 2016, fixando-se em 500 milhões de euros em 2022, mais 100 milhões de euros do que em 2021.
Hoje, o setor vai reunir-se, em Peniche, para debater os problemas, mas também o futuro da indústria do betão pronto.
A quinta edição do Dia do Betão, interrompida entre 2019 e 2022 devido à pandemia, vai abordar três pilares centrais, além do desempenho do setor durante os anos impactados pela covid-19, juntando, "à mesma mesa", associados, clientes, construtores, institutos científicos e universidades.
Conforme antecipou Luís Goucha, um dos pontos centrais em debate será o respeito pelas normas e leis em vigor.
"Preocupa-nos muito [a questão em torno] do decreto que altera a forma como o betão é controlado em obra. Estamos a falar das estruturas dos nossos edifícios e, nomeadamente, da resistência aos sismos", apontou o presidente da APEB.
O decreto-lei 90/2021 ainda é desconhecido para muitos dos intervenientes do setor, inclusivamente para a maioria das câmaras municipais, que assumem aqui um papel de destaque, uma vez que passam a ser responsáveis por verificar a conformidade do betão nas obras, explicou o mesmo responsável, notando que, se não conhecem a lei, dificilmente a vão aplicar.
"Levamos mais de 100 'webinars', feitos por nossa iniciativa, junto das câmaras e a maior parte desconhece esta lei fundamental para garantir a qualidade e resistência das estruturas", notou.
Luís Goucha disse que a exceção é a câmara de Lisboa que, mesmo antes de 2021, já tinha aplicado algo semelhante.
Da ordem de trabalhos faz também parte o debate sobre a sustentabilidade do setor, sem o qual os próprios objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidades e as metas de descarbonização e da economia circular não serão cumpridos, defendeu a associação.
"O betão é um produto extraordinário, com características e resistências que nos protegem enquanto sociedade. Temos uma sociedade muito mais segura e sem o betão não era possível", vincou.
Neste âmbito, vai também intervir na sessão Asli Ozbora da ERMCO -- European Ready Mized Concerte Organization.
A especialista vai falar, entre outros pontos, sobre o sismo que ocorreu, este ano, na Turquia e sobre o que pode ser feito para garantir a resistência das estruturas.
A segurança das empresas e associados, de quem trabalha e visita as obras, será outro ponto em destaque no Dia do Betão, onde vão ser partilhadas as boas-práticas do setor.
De acordo com o programa, são ainda esperadas intervenções de representantes da APEB, da Câmara Municipal de Peniche, da Associação Técnica da Indústria do Cimento, da Universidade de Lisboa e do Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
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