Seis meses: foi o tempo que Pedro Nuno Santos esteve ausente. Regressou esta terça-feira ao Parlamento, à Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, por requerimento do PSD, sobre a situação da TAP no período entre 2015 e 2023.
Deu vários esclarecimentos sobre o caso TAP - em particular sobre os 'famosos' 55 milhões pagos ao acionista David Neeleman, justificando que foram um "ponto de encontro" entre duas partes em desacordo - mas há mais.
O antigo ministro também optou por não comentar outras questões mais polémicas, atirando-as para a próxima semana, quando estará presente na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP - uma sessão onde estima estar "cerca de 10 horas".
O que disse Pedro Nuno Santos?
- "É possível que todos tenhamos sido enganados" com negócio dos Airbus
O ex-ministro das Infraestruturas disse hoje que "é possível" que o país tenha sido enganado com o negócio dos aviões Airbus para a TAP, e que, a confirmar-se, é preciso exigir a revisão dos contratos.
"A auditoria é suficientemente grave para nós a ignorarmos e continuarmos a fazer audições como se não soubéssemos que há uma auditoria que diz que é possível que todos tenhamos sido enganados. E eu digo todos: que a TAP tenha sido enganada, que o Governo do PSD tenha sido enganado, que o país tenha sido enganado", afirmou Pedro Nuno Santos.
- PNS diz que foi único nos últimos 50 anos a deixar TAP e CP "a dar lucro"
O antigo governante Pedro Nuno Santos defendeu que "não há mais nenhum ministro" nos últimos 50 anos que "se possa gabar" de ter deixado as suas funções com a TAP e a CP "a dar lucro".
"Não foi um acaso, porque no ano em que conseguimos que a TAP desse lucro, também conseguimos que na primeira vez na sua história a CP desse lucro. Não há mais nenhum Governo, não há mais nenhum ministro que, nos últimos 50 anos, se possa gabar de ter deixado as suas funções com a TAP e a CP a dar lucro", enfatizou.
- 55 milhões pagos a Neeleman foram "ponto de encontro" entre partes
Pedro Nuno Santos afirmou também que os 55 milhões de euros pagos ao ex-acionista da TAP David Neeleman para sair da companhia foram "ponto de encontro" entre as partes em desacordo, para evitar litigância.
- Empréstimo à TAP? "O dinheiro não iria ser devolvido aos portugueses"
O ex-ministro das Infraestruturas insistiu que o mecanismo de apoio à TAP não obrigava à devolução do dinheiro injetado, acrescentando que ainda não havia "uma plena visão do que seria a evolução da pandemia".
"O dinheiro não iria ser devolvido aos portugueses e falava-se de empréstimo. Empréstimo, auxílio de emergência, aquele era o mecanismo, era o modelo. Chama-se empréstimo. Mas nós sabíamos todos. Mas quem é que o negou?", questionou, de forma retórica, o antigo governante na audição.
- PNS rejeita que plano de reestruturação da TAP tenha sido "um desastre"
O ex-ministro das Infraestruturas rejeitou a ideia de que o plano de reestruturação da TAP foi um desastre e sublinhou que foi o que permitiu salvar a companhia aérea em 2020. "O plano de reestruturação não foi um desastre, o plano de reestruturação permitiu salvar a TAP", respondeu o ex-ministro à deputada do BE Mariana Mortágua, na audição que está a decorrer na comissão parlamentar de Economia.
O que não disse (e o que 'chutou' para a CPI) Pedro Nuno Santos?
- "Não devo fazer juízos sobre tempo e modo" da próxima privatização
O ex-ministro das Infraestruturas referiuque não deve fazer juízos sobre "o tempo e o modo" da privatização da TAP que está a ser preparada, reiterando que a companhia não sobrevive sem estar integrada num grupo de aviação.
"Em 4 de janeiro [saída do Governo] não estava decidido - e eu lembro-me de ter dito isso várias vezes - o tempo, o modo e o quando da privatização e, por isso, depois do dia 4 de janeiro, a questão já não se colocou a mim, nem se vai colocar a mim e eu acho que, dadas as funções que ocupei e a responsabilidade que tenho, não devo fazer neste momento nenhum juízo sobre o tempo, o modo e o quando sobre a privatização", respondeu Pedro Nuno Santos ao deputado do PCP Bruno Dias, em audição no parlamento.
O ex-governante garantiu que não ia abordar matérias de opinião, tanto nesta audição como na da próxima semana na comissão de inquérito, mas repetiu o que defendia enquanto ministro. "Para mim era claro - e continua a ser - que o capital da TAP devia ser aberto a uma empresa do setor. Foi sempre o que eu defendi e mantenho", concluiu.
- Saída do Governo, Alexandra Reis e Frederico Pinheiro são temas que ficam para a CPI
Pedro Nuno Santos foi confrontado várias vezes com questões polémicas que têm marcado os últimos meses - nomeadamente as que dizem respeito à sua saída do Governo, à indemnização paga à antiga administradora Alexandra Reis e o ex-adjunto Frederico Pinheiro -, mas remeteu esclarecimentos sobre este tema para a CPI.
O antigo governante vai à comissão de inquérito à TAP na próxima semana, no dia 15 de junho, quinta-feira, às 14h00.
Leia Também: AO MINUTO: TAP sozinha? "Difícil"; 55 milhões são "ponto de encontro"