Produtores de leite desafiados a unirem-se para negociar preço justo
O secretário de Estado da Agricultura, Gonçalo Rodrigues, desafiou hoje os produtores de leite a unirem-se para depois, junto da indústria, terem uma capacidade de negociar um preço muito mais justo na produção.
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Economia Produtores
"O desafio que deixo e que o Ministério da Agricultura deixa (...) é que sejam capazes de se unir, criando este mesmo volume, para depois, junto da indústria, terem uma capacidade de negociar um preço muito mais justo na produção", afirmou aos jornalistas, em Monte Redondo, concelho de Leiria, Gonçalo Rodrigues.
O governante falava à margem de um encontro entre produtores de leite e técnicos do setor, iniciativa promovida pela Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep).
"A partir do momento em que nós conseguimos ganhar escala, a capacidade negocial e a capacidade de nos organizarmos naquilo que é a fixação de um determinado preço - e eu estou a falar do lado da produção -- permite-nos ter uma capacidade que, individualmente, não nos é possível", afirmou Gonçalo Rodrigues.
Na terça-feira, a Aprolep anunciou que o preço pago ao produtor de leite pelas cooperativas associadas da Lactogal sofreu uma nova redução, de três cêntimos por litro, desde o início de julho.
Em comunicado, a associação recordou que "esta é a segunda redução no preço ao produtor no espaço de dois meses [em 01 de maio as cooperativas associadas da Lactogal e a Parmalat Portugal reduziram em cinco cêntimos o preço pago à produção], acumulando uma redução total de oito cêntimos por litro".
Questionado sobre esta redução e o que pode o Governo fazer, o secretário de Estado da Agricultura apontou as "medidas extraordinárias que resultam do pacto de estabilização dos [preços dos] produtos na cadeia agroalimentar", resultado da "perceção que o Ministério da Agricultura e que o Governo num todo tem daquilo que foi a crise da inflação no setor agropecuário nacional".
"Já esta passada sexta-feira foi feita uma transferência do apoio extraordinário no âmbito deste mesmo pacto, para tentar colmatar aquilo que foram os aumentos dos custos de produção", o que já tinha sido feito ao nível do gasóleo e da eletricidade, "para que o impacto do aumento dos custos energéticos pudesse ser minimizado".
No início do encontro, Gonçalo Rodrigues foi questionado por um dos presentes sobre o que diria se amanhã os produtores de leite decidissem à indústria que "o preço do leite vai custar x", pois, "neste momento, é a indústria e a distribuição que mandam" no preço.
"Se me perguntarem se concordo com o facto de haver um associativismo forte por parte de quem produz para ser quem produz a fixar o preço, é para isso que serve o associativismo", declarou o governante.
Gonçalo Rodrigues acrescentou que "se todos os associados da Aprolep decidirem estipular um preço (...), a indústria só tem uma solução, é negociar e não impor".
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