Quem não conhece a pasta dentífrica Couto? É um produto histórico em Portugal, porque está no mercado há mais de 90 anos e a receita mantém-se intacta desde o primeiro dia. A Couto assinala agora 105 anos de atividade e o balanço que a administração faz é positivo, apesar dos vários desafios - que foram ultrapassados.
Em entrevista ao Notícias ao Minuto, Alexandra Matos Gomes da Silva, administradora da Couto S.A., sublinha que a marca conseguiu acompanhar as mudanças ao longo dos últimos 100 anos e considera que a empresa está a evoluir na direção certa.
Alexandra Matos Gomes da Silva revela ainda que a receita da pasta dentífrica Couto mantém-se intacta deste o dia em que foi lançada, sublinhando que o produto continua a ter uma "enorme qualidade".
Em 1932, Alberto Ferreira Couto criou, com a colaboração de um amigo dentista, a 'Pasta Medicinal Couto'. Este produto tinha como objetivo combater os problemas nas gengivas provocados pela sífilis.
Temos neste momento o dinamismo, a qualidade e a cultura para enfrentar os próximos 100 anos
A Couto assinala 105 anos de atividade. Como descreve este período?
Foram 105 anos em que Portugal mudou muito, mas felizmente a marca conseguiu acompanhar essas mudanças e evoluir no que nos parece ser a direção certa. Evoluímos enquanto marca, mas mantendo-nos fiéis às tradições e aos nossos valores, crescemos sem desvirtuar quem somos – e isso é algo de que todos nos orgulhamos muito e que muito devemos ao nosso administrador Alberto Gomes da Silva, que liderou a empresa desde 1974.
A marca tem vindo nos últimos anos a fazer um esforço crescente de modernização, com a entrada de novos produtos para o portfólio, a criação da loja online e da primeira loja física da marca, na Rua de Cedofeita, na cidade do Porto, uma espécie de loja museu, que foi inaugurada em 2018 no preciso dia em que a marca completou 100 anos (29 de junho). Temos neste momento o dinamismo, a qualidade e a cultura para enfrentar os próximos 100 anos.
Como na vida, estes 105 anos tiveram os seus altos e baixos, com vários desafios que, felizmente, fomos conseguindo ultrapassar. Fomos lançando novos produtos e, em 2017, demos um 'rebranding' à marca para a trazer para os tempos modernos, de modo a acompanhar as novas gerações. Desafios e complicações fazem parte do negócio, mas também nos tornam mais resilientes e preparam-nos para o futuro, e é para isso que trabalhamos.
Receita da pasta dentífrica Couto mantém-se inalterada desde o dia em que foi lançada, há 91 anos
Considera que a pasta dentífrica da Couto já é um produto histórico?
É o nosso produto estrela e aquele pelo qual a empresa mais é conhecida. A nossa pasta marcou muitos portugueses e o facto de continuar a ser muito acarinhada, penso que isso faz dela um produto histórico. Há um elo muito emocional de saudosismo, de legado familiar até, que une a marca e os seus consumidores. E, por muito inovadores que sejamos, temos sempre de respeitar este ponto e por isso a receita continuar inalterada ao longo de mais de 90 anos. Faz parte de quem somos!
A 'receita' da Couto foi mudando com o passar do tempo?
A receita da pasta dentífrica Couto mantém-se inalterada desde o dia em que foi lançada, há 91 anos. Recentemente lançámos uma diferente, com flúor, cuja receita é diferente, mas ainda assim, muito fiel aos ingredientes e ao sabor da original.
A pasta dentífrica Couto, apesar de ser uma receita com 91 anos, tem uma enorme qualidade e, por isso, podemo-nos dar ao luxo de mantê-la inalterada
Qual é a dificuldade de manter presente (e rentável) o mesmo produto ao longo de tantos anos?
A pasta dentífrica Couto, apesar de ser uma receita com 91 anos, tem uma enorme qualidade e, por isso, podemo-nos dar ao luxo de mantê-la inalterada. É um enorme legado que carregamos e talvez a principal dificuldade seja a de nos mantermos sempre fiéis a esse legado e à imagem que as pessoas têm da Couto nos nossos outros produtos.
Com mais de 100 anos de história, qual é, atualmente, o principal desafio para a empresa?
Neste momento, é conseguir responder à (muita) procura, especialmente do estrangeiro. Investimos recentemente meio milhão de euros em novas máquinas, de fundos próprios, para poder continuar a crescer e o nosso plano a curto/médio prazo é mudar para umas novas instalações que nos permitam aumentar a linha de produção.
História da Couto© Couto
O que podemos esperar da marca nos próximos meses? Apostar em mais lojas próprias é uma possibilidade? E a internacionalização?
Neste momento, a nossa maior prioridade é continuar a investir no portfólio e criar bons produtos, para os nossos consumidores. Esse é e vai continuar a ser o nosso principal foco, a qualidade.
Para já, não temos prevista a abertura de novas lojas, até porque a marca está bastante presente em todo o país através dos nossos parceiros e temos a nossa loja online. O que não significa que no futuro, se surgir a oportunidade certa, não seja algo a ter em consideração, mas a curto-prazo não está no nosso horizonte.
Quanto à internacionalização, nós já exportamos um pouco para todo o mundo, representando cerca de 5% da nossa faturação. Temos muita procura do estrangeiro, mas também não queremos descurar o mercado interno e deixar os nossos consumidores nacionais sem os nossos produtos, daí o investimento recente em máquinas para a nossa unidade de produção e os planos de encontrar um novo espaço, que nos permita crescer ainda mais.
Leia Também: Abono de família e bolsa de estudo: Não se esqueça de fazer este registo