"Chegamos a um ponto que achamos que estão a brincar com a gente", afirmou o presidente da Câmara do Comércio e Indústria da Horta, Francisco José Rosa, em declarações à Lusa, lamentando que os operadores marítimos (Transinsular e Mutualista) continuem a atrasar a descarga de mercadoria com destino ao Faial.
Segundo explicou o líder dos empresários locais, os navios dos dois operadores deveriam fazer escala na ilha, por norma, às quartas-feiras, de forma alternada, entre as duas transportadoras, mas a chegada dos navios ao Faial tem ocorrido "quase sempre às quintas-feiras", com a agravante de, nesta semana, estar prevista apenas para sexta-feira.
"Ninguém se pode contentar com isto e ninguém consegue gerir as suas coisas desta forma. Eu não posso ter três empregados parados hoje, à espera de um navio, que só segunda-feira é que será descarregado", adverte João Borges, empresário ligado à construção civil e ao ramo automóvel, em declarações à Lusa.
Na sua opinião, não faz sentido que não haja "previsibilidade" na escala dos navios no Faial, quando os empresários são obrigados a cumprir datas para entrega da mercadoria para o embarque e prazos de pagamento: "Tudo na vida é previsível, menos quando é que chega o navio à Horta. Isso é uma incógnita".
Marco Silva, um dos transitários que opera no Faial, considera que o problema das escalas dos navios na ilha do Faial resulta das obras realizadas no porto de Ponta Delgada, que obrigaram a transferir parte da operação para a Praia da Vitória, na ilha Terceira.
"Desde que foram feitas as obras no porto de Ponta Delgada, e que se optou por um outro itinerário, porque os navios não tinham capacidade de operar todos ao mesmo tempo, e que passaram parte da operação para a Terceira, é que isto começou a acontecer mais sucessivamente", lembrou o empresário.
Humberto Goulart, empresário ligado à panificação, e antigo presidente da Câmara do Comércio da Horta, entende que este problema só se resolve com a intervenção dos membros do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), que apela a que se sentem à mesma mesa com os operadores marítimos para discutirem o atual modelo de transporte de mercadorias.
"O senhor presidente do Governo, José Manuel Bolieiro, e a senhora secretária dos Transportes, Berta Cabral, têm de se sentar com os senhores armadores, para saber se querem continuar com este modelo de transportes e afinar isto, de forma a que haja alguma regularidade", apelou o empresário faialense.
O atraso na chegada de mercadorias ao Faial no pico da época alta e em plena Semana do Mar, os maiores festejos da ilha (que decorrem de 6 a 13 de agosto), acaba por ter consequência nas superfícies comerciais, onde já começam a escassear alguns produtos perecíveis, como iogurtes, ovos e até mesmo água.
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