CIP apresenta medidas para "pôr mais dinheiro nos bolsos dos portugueses"
Confederação Empresarial de Portugal esteve reunida com o Governo esta terça-feira, numa reunião onde apresentou medidas que podem fazer aumentar os salários acima do valor previsto no acordo de rendimentos.
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Economia Reunião
O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Armindo Monteiro, disse esta terça-feira que foram apresentadas medidas ao Governo que permitem aumentar os salários acima do valor previsto no acordo de rendimentos e sublinhou que o Executivo deve escolher entre colocar mais dinheiro nos cofres do Estado ou no bolso dos portugueses.
"As empresas não têm uma capacidade infinita, aquilo que Portugal tem de optar é e quer continuar a pôr mais dinheiro nos cofres do Estado ou se quer pôr mais dinheiro nos bolsos dos portugueses - e as nossas medidas vão no sentido de pôr mais dinheiro no bolso dos portugueses", disse Armindo Monteiro, em declarações aos jornalistas, transmitidas pela RTP3, à saída da reunião com o Governo.
Armindo Monteiro referiu que "é importante dizer aos portugueses que nós, sendo um país pobre, temos de aumentar a nossa prosperidade".
"O que estivemos aqui a fazer a manhã inteira com o Governo foi trabalhar de forma muito responsável em medidas muito concretas e sendo estas medidas concretizadas há possibilidade de aumentar os salários, porventura a um nível superior ao que está no acordo de rendimentos", adiantou o presidente da CIP.
Também à saída do encontro, a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, disse que "a CIP apresentou várias propostas, seja no domínio da competitividade, dos rendimentos, também do ponto de vista de simplificação dos custos de contexto e acho que é mesmo este o caminho: trabalhar em conjunto, que é para isso que aqui estamos, para identificarmos medidas que possam ser incluídas já neste Orçamento [do Estado] para 2024".
Em causa estão propostas de redução da carga fiscal das empresas, sobretudo diminuição do imposto sobre o lucro (IRC), Armindo Monteiro não respondeu diretamente, considerando este importante mas preferindo focar que a CIP defende a redução dos impostos sobre o rendimento dos particulares (IRS).
"Para nós o IRC [imposto sobre o lucro das empresas] sendo importante não é a base. Para nós é muito importante o IRS, que haja mais dinheiro do lado das famílias, estamos com impostos de rico em país pobre", disse, acrescentando que viu do lado do Governo também "essa preocupação".
Armindo Monteiro falou da proposta da CIP de aplicar a taxa de IVA de 6% a todos os produtos alimentares, proposta que já é conhecida desde julho.
Sobre a redução da Taxa Social Única (TSU), Armindo Monteiro disse que a CIP "não pediu nenhuma redução de TSU que permita uma poupança das empresas", mas que "propor que sejam analisados os custos sobre o trabalho", sem explicar bem do que se trata.
A semana passada, o ministro das Finanças, Fernando Medina, afastou a possibilidade de uma redução da TSU como propõem as confederações patronais, por considerar que a medida colide com o objetivo de sustentabilidade da Segurança Social.
Já o secretário-geral da UGT disse aos jornalistas que, na reunião, "falou-se muito dos impostos para as empresas" e disse que para a central sindical, ao nível da carga fiscal, é "importante que haja uma redução significativa do IRS, que é o que tem impacto nas famílias, nomeadamente na classe média".
"Não estaremos de acordo com tudo, mas é um documento de trabalho [o da CIP] que terá a nossa atenção e os nossos contributos para melhorar se necessário for e enquadrar no fórum privilegiado que é a Concertação Social", disse.
À saída da reunião, pelo lado do Governo apenas falou a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, tendo dito apenas que no encontro foram conhecidas as propostas da CIP e que o trabalho continuará, incluindo para medidas que possam ver já incluídas na proposta do Orçamento do Estado para 2024.
Em julho, o secretário de Estado do Trabalho disse que o Governo está disponível para, em 2024, alterar o acesso ao benefício fiscal em IRC às empresas que aumentem salários acima do referencial previsto no acordo de rendimentos (4,8%), uma medida proposta pela CIP.
Os ministros das Finanças, Fernando Medina, e da Economia, António Costa Silva, não prestaram declarações após a reunião de hoje.
O Governo apresenta em 10 de outubro a proposta do Orçamento do Estado para 2024.
[Notícia atualizada às 13h47]
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