Segundo um comunicado enviado na quarta-feira à noite à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o acordo prevê "a venda de uma participação de 80% na Pecém Geração de Energia S.A. e, sob determinadas condições, uma opção de venda dos restantes 20% até ao final do PPA [contrato de longo prazo para fornecimento de energia, do inglês 'powerpurchase agreement'], refletindo um 'enterprise value' implícito de 1.900 milhões de reais [cerca de 366 milhões de euros] para 100% da central".
Localizada no porto de Pecém, no Estado do Ceará, no Brasil, a central a carvão de Pecém tem uma capacidade de 720 Megawatts (MW) e, segundo a EDP, "desempenha um papel importante no apoio à segurança do fornecimento de eletricidade à região Nordeste do Brasil, onde o consumo de eletricidade e a capacidade de produção de energia renovável têm vindo a crescer de forma constante".
"A central dispõe de um PPA de capacidade regulada que vigora até julho de 2027, com receitas atualizadas à inflação e ajustadas à disponibilidade técnica e ao despacho decidido pelo ONS, o operador do sistema elétrico brasileiro", refere.
De acordo com a EDP, após um máximo histórico na geração registada em 2021, na sequência da seca extrema no Brasil, o ONS não emitiu qualquer despacho para esta central nos últimos 16 meses, devido aos recentes níveis elevados dos reservatórios hidrelétricos na região, tendo os compradores iniciado "estudos para a conversão da central para outras fontes de combustível, como o gás natural e misturas com hidrogénio ou biomassa, através de um Plano de Transição Energética baseado nas melhores práticas internacionais de descarbonização".
Garantindo que manterá 100% da gestão do projeto de hidrogénio renovável de 1,25 MW que iniciou operações em dezembro de 2022 no complexo de Pecém, a EDP diz que continuará a avaliar o potencial de desenvolvimento de projetos de hidrogénio renovável de maior escala na região.
"Esta transação constitui um importante marco na concretização do objetivo estratégico da EDP de ser 'coal free' até ao final de 2025", salienta a energética.
No âmbito desta estratégia, a EDP diz que, relativamente às últimas três centrais a carvão ainda no seu portfólio, localizadas em Espanha, continua "ativamente a desenvolver planos de descomissionamento das centrais de Soto e de Los Barrios, as quais exigem autorizações por parte do operador do sistema elétrico respetivo, bem como um plano de conversão da central de Aboño de carvão para gás".
Paralelamente, está "a desenvolver projetos de transição justa nestes locais, nomeadamente projetos de hidrogénio renovável".
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