"É um tema que vamos ter de resolver com o Estado português", afirmou Filipe Silva, numa conferência da CNN sobre a transição energética, em Lisboa, após ter sido questionado sobre a medida do Governo que permitiu a mudança dos clientes de gás natural no mercado liberalizado para o mercado regulado, com tarifas fixadas pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).
O líder da petrolífera classificou a medida como "um grande desconto oferecido a todos os consumidores", que distorce as regras da concorrência.
No ano passado, o Governo permitiu a mudança para o mercado regulado de gás natural a famílias e pequenos negócios, tal como já acontecia na eletricidade, para fazer face aos aumentos dos preços das tarifas no mercado liberalizado, agravados pela guerra na Ucrânia.
Na sequência do anúncio, o então presidente executivo da Galp, Andy Brown, criticou a medida, defendendo que "não é uma medida eficiente para beneficiar quem precisa", uma vez que vai beneficiar pequenos negócios, "incluindo os que não precisam", que podem, assim, aceder a tarifas mais baixas, e disse ainda que a medida "inverte anos de progresso no sentido da liberalização e do mercado livre".
De acordo com o decreto-lei publicado em setembro do ano passado, a Adene -- Agência para a Energia tinha de entregar à tutela, no prazo de 12 meses, um relatório sobre a aplicação da nova legislação e das condições do mercado do gás natural, no âmbito da sua "reavaliação".
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