De acordo com fontes do Goldman Sachs, citadas hoje pelo jornal financeiro Financial Times, a empresa apresentou a queixa na quarta-feira.
O Governo da Malásia mostrou-se "surpreso" com a decisão do banco de levar o litígio ao tribunal de Londres, uma vez que "as discussões estavam numa fase de boa-fé para serem resolvidas de forma amigável".
As autoridades de Kuala Lumpur acrescentaram, no entanto, que o país está a preparar-se "para garantir que a questão seja resolvida de forma diligente e de acordo com os quadros jurídicos estabelecidos", avançou a agência de notícias malaia Bernama.
A decisão da Goldam Sachs surgiu depois de o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, ter nomeado o antigo ministro da Defesa Johari Abdul Ghani, altamente crítico do acordo assinado com o banco em 2020, para renegociar os termos de compensação.
O acordo previa que o Goldman Sachs pagasse à Malásia 2,5 mil milhões de dólares (2,35 mil milhões de euros) e garantisse a devolução de mais 1,4 mil milhões de dólares (1,32 mil milhões de euros) em ativos do fundo soberano malaio 1MDB (1Malaysia Development Berhad) apreendidos por autoridades em todo o mundo.
O acordo previa ainda que, se a Malásia não recebesse pelo menos 500 milhões de dólares (470 milhões de euros) em ativos até agosto de 2022, o banco devia fazer um pagamento intercalar único de 250 milhões de dólares (235 milhões de euros).
Kuala Lumpur acredita que cerca de 4,5 mil milhões de dólares (4,23 mil milhões de euros) oriundos do fundo de investimento do Estado malaio foram desviados pelo ex-primeiro-ministro Najib Razak, que cumpre uma pena de 12 anos de prisão, e por cúmplices.
Esta semana, um antigo banqueiro malaio do Goldman Sachs, Roger Ng, regressou à Malásia para colaborar com as autoridades na investigação do caso, devendo depois voltar aos EUA para cumprir uma pena de 10 anos de prisão por crimes ligados ao 1MDB.
Ng e outros funcionários do banco terão branqueado dinheiro desviado do fundo de forma fraudulenta, financiando, entre outras coisas, a produção de filmes de Hollywood como "O Lobo de Wall Street" e adquirindo joias, imóveis de luxo e até uma pintura de Jean-Michel Basquiat.
Outro ex-funcionário da Goldman Sachs Tim Leissner aguarda sentença depois de se ter declarado culpado de várias acusações, em 2018, e de cooperar com a investigação.
A comissão anticorrupção da Malásia disse em maio que Jho Low Taek, um milionário empresário malaio e suposto organizador do desfalque, se encontra em Macau, algo negado pela região chinesa.
A Goldman Sachs concordou, em 2020, pagar à justiça dos EUA cerca de 2,9 mil milhões de dólares para arquivar uma acusação pelo seu envolvimento neste caso.
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