Em comunicado, a Stellantis, que fabrica os automóveis Jeep nos Estados Unidos e detém as marcas Fiat e Citroën na Europa, informou ainda que vai criar uma marca em conjunto com a Leapmotor, para vender os veículos elétricos da empresa chinesa fora da China.
O construtor automóvel europeu informou ainda que vai assumir dois lugares no Conselho de Administração da empresa chinesa, que está cotada na bolsa de Hong Kong, e nomear o diretor executivo da nova filial conjunta.
"À medida que a consolidação se desenrola entre as empresas emergentes de veículos elétricos na China, é cada vez mais evidente que uma mão-cheia de empresas eficientes e ágeis da nova geração de veículos elétricos, como a Leapmotor, vai dominar os segmentos principais na China", afirmou o gestor português Carlos Tavares, presidente executivo da Stellantis.
Fundada em 2015, a Leapmotor é uma das dezenas de empresas chinesas de veículos elétricos atingidas pelo abrandamento da economia chinesa e por uma feroz guerra de preços entre os fabricantes automóveis no país.
O grupo, que produz carros de gama média e alta na China, registou um prejuízo líquido de 5,1 mil milhões de yuan (695 milhões de euros) em 2022, apesar das vendas terem aumentado mais de 150%, para cerca de 111.000 unidades.
O negócio, revelado hoje pelas duas empresas em declarações separadas, é um novo impulso para a estratégia da Stellantis na China.
O grupo europeu liquidou no ano passado a sua filial conjunta com a cantonesa GAC - que fabricava o modelo Jeep para o mercado chinês - após anos de contas deficitárias.
A Stellantis vai controlar 51% da nova empresa comum, a Leapmotor International, que ganha direitos exclusivos para exportar, vender e fabricar os produtos do construtor automóvel chinês fora da China, um plano de expansão que começará pela Europa no segundo semestre de 2024.
"Através deste investimento estratégico, vamos conseguir preencher um espaço em branco no nosso modelo de negócio e beneficiar da competitividade com a Leapmotor, tanto na China como no estrangeiro", afirmou Carlos Tavares, que classificou a empresa chinesa como "um dos mais notáveis novos atores no [setor] dos veículos elétricos".
A Stellantis, sediada em Amesterdão, foi fundada em 2021 como resultado da fusão da Fiat-Chrysler com o grupo francês PSA.
As ações da Leapmotor na Bolsa de Valores de Hong Kong subiram mais de 11% após o negócio, mas ao longo da manhã inverteram a tendência positiva e, pouco antes das 15:00 (08:00 em Lisboa), já estavam a cair 10,6%.
No final de julho, também a construtora alemã Volkswagen comprou uma participação de 4,99% na Xpeng - um dos principais rivais da Tesla no mercado asiático - por cerca de 630 milhões de euros.
No ano passado, foram vendidos na China quase seis milhões de carros elétricos, mais do que em todos os outros países do mundo juntos. A dimensão do mercado chinês propiciou a ascensão de marcas locais, que ameaçam agora o status quo de uma indústria dominada há décadas pelas construtoras alemãs, japonesas e norte-americanas.
Estimativas do banco de investimento UBS, até 2030, indicam que três em cada cinco veículos novos vendidos na China vão ser movidos a eletricidade, em vez de combustíveis fósseis.
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