"O senhor Presidente da República não me convidou para chefiar o Governo"

Depois de Marcelo reagir às suas declarações, Mário Centeno corrigiu-se e disse que não foi convidado pelo Presidente para chefiar o Governo. No entanto, refere que esse convite "resultou das conversas" que Costa teve com Marcelo.

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Carmen Guilherme
13/11/2023 09:48 ‧ 13/11/2023 por Carmen Guilherme

Economia

BdP

O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, corrigiu-se, esta segunda-feira, e esclareceu que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa,  não o "convidou para chefiar o Governo".

Numa nota divulgada hoje pelo BdP, Mário Centeno explica que foi António Costa quem o convidou a "refletir" sobre a possibilidade de assumir o cargo de primeiro-ministro, depois de apresentar a sua demissão, mas que o convite terá resultado "das conversas" entre Costa e o chefe de Estado.

"Na sequência dos eventos desencadeados com a demissão do senhor Primeiro Ministro, no dia 7 de novembro, este convidou-me a refletir sobre as condições que poderiam permitir que assumisse o cargo de Primeiro Ministro.  O convite para essa reflexão resultou das conversas que o Senhor Primeiro Ministro teve com o Senhor Presidente da República", indica o governador do BdP que acrescenta que, "num exercício de cidadania", aceitou "refletir".

"Não foi possível dirimir neste curto espaço de tempo todas as condições de exercício do que me era solicitado. Desta forma, nunca houve uma aceitação do cargo, mas apenas uma concordância em continuar a reflexão e finalizá-la em função da decisão que o Senhor Presidente da República tomaria", lê-se.

Lembrando que Marcelo optou por dissolver a Assembleia da República, Centeno diz ser "inequívoco" que este não o convidou para chefiar o Executivo. 

"O Senhor Presidente da República, depois da realização do Conselho de Estado, no dia 9 de novembro, optou pela dissolução da Assembleia da República. Em resultado desta opção, é inequívoco que o Senhor Presidente da República não me convidou para chefiar o Governo", remata. 

Recorde-se que a polémica teve início no domingo, quando Mário Centeno falou, pela primeira vez, sobre a eventual possibilidade de suceder a António Costa na chefia do Governo. Em declarações ao Financial Times, Centeno afirmou que "recebeu um convite" do Presidente da República e de António Costa para ponderar a possibilidade de ocupar o cargo de primeiro-ministro.

"Recebi um convite do Presidente e do primeiro-ministro para refletir e considerar a possibilidade de liderar o Governo", afirmou à publicação, tendo ainda sublinhado que "estava muito longe de chegar a uma decisão".

Estas declarações levaram o chefe de Estado a emitir um comunicado, na madrugada desta segunda-feira, no qual negava ter convidado quem quer que seja para chefiar o Governo ou autorizado qualquer contacto para este efeito.

Na nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo "desmente que tenha convidado quem quer que seja, nomeadamente o governador do Banco de Portugal, para chefiar o Governo, antes de ter ouvido os partidos políticos com representação parlamentar e o Conselho de Estado, e neste ter tomado a decisão de dissolução da Assembleia da República".

"Mais desmente que tenha autorizado quem quer que seja a contactar seja quem for para tal efeito, incluindo o governador do Banco de Portugal", acrescentou o chefe de Estado.

Recorde-se que o convite feito ao Governador do BdP vai ser avaliado pela Comissão de Ética do Banco de Portugal, que deverá reunir-se hoje para analisar um eventual conflito de interesse ou eventuais incompatibilidades depois de António Costa ter revelado que indicou ao Presidente da República o nome do governador Mário Centeno para o substituir no cargo como líder de um Governo PS, evitando eleições antecipadas.

A reunião extraordinária de hoje surge após as críticas dos partidos ao convite.

Portugal terá eleições legislativas antecipadas a 10 de março de 2024, marcadas por Marcelo, na sequência da demissão do primeiro-ministro, na terça-feira.

[Notícia atualizada às 10h04]

Leia Também: 48 horas sem tréguas: Costa, Centeno, Marcelo e os 'erros' do MP

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