Banco de Portugal: Riscos para estabilidade financeira aumentaram

O Banco de Portugal (BdP) considerou hoje que aumentaram os riscos para a estabilidade financeira devido à economia e à recente crise política, segundo o relatório de estabilidade financeira hoje publicado.

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Lusa
22/11/2023 11:15 ‧ 22/11/2023 por Lusa

Economia

Governo/ Crise

 

De acordo com o Banco de Portugal, o crescimento dos riscos reflete o aumento das taxas de juro, o abrandamento da economia e, "mais recentemente, a incerteza política".

Contudo, acrescenta o banco central, que a incerteza trazida pela crise desencadeada pela demissão do primeiro-ministro (seguida de marcação de eleições antecipadas pelo Presidente da República) é "mitigada pela esperada aprovação do Orçamento do Estado para 2024 proposto pelo atual Governo".

Na conferência de imprensa de apresentação do relatório, questionada sobre se a crise política impacta a estabilidade financeira, a administradora do Banco de Portugal Clara Raposo disse que ter um orçamento ajudará a minorar essa incerteza, que advém sobretudo de não se saber "qual vai ser a direção de política económica que um próximo Governo virá a escolher".

Segundo o relatório, para o BdP os principais riscos e vulnerabilidades para a estabilidade financeira são, atualmente, a pressão sobre as contas públicas, a dificuldade das famílias e empresas em pagarem as dívidas e a baixa de preços das casas.

Quanto à pressão sobre as contas públicas, considera o BdP que tal é um risco se houver um abrandamento mais intenso da economia e se aumentar as despesas com juros, uma vez que as administrações púbicas são muito endividadas.

Além disso, se o Banco Central Europeu (BCE) decidisse reduzir o seu balanço tal significaria que haveria menos procura da dívida pública portuguesa. Ainda assim, considera o BdP que o 'rating' de Portugal e a consolidação orçamental mitigam estes riscos.

Quanto ao possível incumprimento dos créditos pelas famílias (sobretudo das que têm crédito à habitação a taxa variável), o BdP diz que se deve a inflação alta, taxas de juro altas e um possível agravamento da taxa de desemprego.

A mitigar esse risco está a redução do endividamento das famílias, o facto de as que têm crédito à habitação serem as que têm mais rendimentos e, sobretudo, a perspetiva de a subida da taxa de desemprego ser limitada pela escassez de trabalhadores no mercado de trabalho.

Para as empresas, o risco de não conseguirem pagar as dívidas advém também das taxas de juro elevadas e do abrandamento económico. Contudo, considera o BdP, que "a situação financeira das empresas é, em geral, robusta".

Por fim, sobre a correção de preços no mercado imobiliário residencial, o BdP diz que para já isso ainda não se verifica, mas admite o risco ainda que considere também que o facto de haver poucas casas disponíveis mitiga o impacto de grande descida dos preços.

Ainda no relatório, o BdP fala sobre o sistema bancário português considerando que, num momento de lucros e melhoria dos rácios de capital, o principal fator de risco é um potencial abrandamento mais significativo da atividade económica pelo impacto na capacidade de famílias e empresas pagarem os seus empréstimos.

Outro risco advém da exposição do sistema bancário português ao imobiliário residencial, pelo que uma descida dos seus valores impactaria nas garantias que os bancos têm. Os bancos também seriam impactados se houvesse desvalorizações pronunciadas dos ativos financeiros.

Ainda na conferência de imprensa de apresentação do relatório, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse que a taxa de juro real (que é a taxa de juro nominal menos a taxa de inflação) vai continuar a subir nos próximos meses pelo que "o aperto financeiro vai continuar durante mais algum tempo".

[Notícia atualizada às 17h20]

Leia Também: Tribunal Geral da UE confirma decisão de resolução do Banco Popular

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