Angola carece de "maiores investimentos" na educação e saúde

Um especialista do setor público angolano apontou hoje que o modelo económico de Angola assente na extração de recursos naturais não promoveu um desenvolvimento humano sustentável e aumentou a vulnerabilidade do país, defendendo "maiores investimentos" na educação e saúde.

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Lusa
05/12/2023 13:13 ‧ 05/12/2023 por Lusa

Economia

Angola

Para Belisário dos Santos, especialista em governação descentralizada, o nível de capital humano em Angola "ainda é baixo, face ao seu potencial económico", e o aumento de investimentos na educação e saúde deve ser o primeiro passo "para se criar uma economia mais diversificada e resiliente a choques".

"As políticas públicas podem jogar um papel fundamental em mudar o paradigma do modelo económico com vista a encontrar as melhores soluções que permitam o país reforçar a resiliência económica e a sua capacidade competitiva e, em última instância, reduzir a pobreza extrema e promover uma prosperidade partilhada", defendeu.

O especialista angolano, que falava sobre "Políticas Públicas na Promoção da Diversificação Económica e o Papel dos Mercados Financeiros" em representação do Banco Mundial (BM), durante um fórum, em Luanda, apontou quatro políticas públicas que aceleram o crescimento económico dos países.

Destacou a aposta no capital humano como a primeira política pública, referindo que a evidência demonstra que nenhum país do mundo foi capaz de diversificar a sua economia sem uma intensa e contínua aposta no seu capital humano.

O nível de capital humano em Angola "ainda é baixo face ao seu potencial económico e isto implica que o aumento de investimentos na educação e na saúde é primeiro passo para se criar uma economia mais diversificada e resiliente a choques", frisou.

De acordo com Belisário do Santos, dado o elevado dividendo demográfico em Angola, "expandir o acesso e melhorar a qualidade da educação pode trazer retornos económicos imediatos para o país".

"Outra implicação, é que uma população com mais acesso à serviços de saúde e educação aumenta também a confiança dos investidores, pois isso se traduz em futuros ganhos de produtividade e na maior facilidade da adoção de novas tecnologias", apontou.

A aposta no capital humano, prosseguiu, significa também maior inclusão social, "isto é, promover uma distribuição do rendimento mais equitativa implica também combater as desigualdades baseadas no género, raça, confissões religiosas, políticas e étnicas".

O responsável, que falava durante a XIIº Fórum Economia e Finanças: Diversificação Económica e Mercados Financeiros, promovido em Luanda pela Associação Angolana de Bancos (ABANC), assinalou a provisão de infraestruturas básicas como a segunda política pública "necessária" para o crescimento.

Acelerar a diversificação economia "requer um acesso fiável à energia, expansão do acesso à água e ao saneamento, sistemas de transporte e logística adequados", defendeu.

"Pois é necessário também mudanças institucionais e regulatórias, para que seja possível atrair investimentos privado e operadores no setor das infraestruturas de modo a reduzir o peso sobre as finanças públicas", notou.

Belisário dos Santos, que durante oito anos foi diretor nacional da Administração Local do Estado em Angola, elencou igualmente o acesso ao financiamento e o reforço da capacidade institucional, como as duas últimas políticas públicas para alavancar o crescimento económico.

"A baixa inclusão financeira em Angola é um dos principais obstáculos ao desenvolvimento económico e se o setor privado é o motor da economia, então temos que acreditar que o acesso ao crédito é o seu combustível, contudo o crédito à economia em Angola é muito baixo quando comparado com os outros países da região", argumentou.

Sobre o reforço da capacidade institucional disse que a agenda da diversificação da economia "é complexa e exige muita planificação, coordenação, sequência e comunicação das reformas".

"O Estado angolano tem se empenhado em implementar essas reformas económicas com vista a acelerar o crescimento económico e combater a pobreza, tal como está plasmado no PDN (Plano de Desenvolvimento Nacional) 2023-2027 e na Estratégia de Longo Prazo 2050", afirmou.

Considerou ainda que o BM tem dado o seu contributo, por meio de financiamentos nos setores da saúde, água, energia, educação, digital e proteção social, "setores chaves para o desenvolvimento do capital humano e da diversificação económica".

"Não obstante os obstáculos, a diversificação económica é inadiável e é possível. E só assim será possível transformar Angola em uma potência económica efetiva e dar a cada angolano e angolana a possibilidade de uma vida digna e se viver", rematou Belisário dos Santos.

Leia Também: BNA quer sistema financeiro robusto para a diversificação económica

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