Depois do aperto da política monetária para controlar a inflação, que levou o BCE a subir as taxas de juro e as prestações dos créditos à habitação a taxa variável a dispararem, os analistas esperam que a instituição liderada por Christine Lagarde mantenha para já as taxas de referência, mas ao longo de 2024 avance mesmo com uma descida.
"Se este corte das taxas de juro de referência do BCE se concretizar, as taxas Euribor também deverão começar a aliviar, o que se traduzirá numa redução das prestações a pagar pelo crédito da taxa variável, como por exemplo o das hipotecas para a compra de casa", refere o diretor executivo da corretora ActivTrades Europe, Ricardo Evangelista, em declarações à Lusa.
Esta é uma possibilidade também admitida pelo analista da corretora XTB Henrique Tomé. Num cenário em que os juros não deverão subir mais e manter-se-ão aos níveis atuais durante alguns meses, "as taxas de juro de referência no crédito à habitação, as Euribor, podem recuar ligeiramente numa primeira fase, tal como se regista atualmente momento", disse.
No entanto, se o BCE avançar com o corte das taxas de juro esperado pelo mercado, o economista do Banco Carregosa, Paulo Rosa, acredita que "a partir da primavera do próximo ano, à medida que os créditos à habitação indexados à Euribor vão são atualizados a taxas de juro mais baixas, o peso da prestação mensal vai aliviando os orçamentos das famílias".
O economista aponta como exemplo um crédito à habitação indexado à Euribor a 12 meses que renovou em novembro passado, à volta dos 4%, "terá que esperar por novembro do próximo para beneficiar destas potenciais quedas das taxas de juro".
"Atualmente, e de acordo com as perspetivas do mercado monetário, esse crédito à habitação pode ter uma queda da taxa de juro indexada para quase 2,5%", aponta.
A taxa Euribor desceu na quarta-feira a três e a seis meses e subiu a 12 meses face a terça-feira e manteve-se abaixo de 4% nos três prazos.
Com as alterações, a Euribor a três meses, que recuou para 3,925%, ficou abaixo da de seis meses (3,945%) e acima da de 12 meses (3,758%).
Segundo dados do BdP referentes a outubro de 2023, a Euribor a 12 meses representava 37,8% do 'stock' de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a seis e a três meses representava 35,9% e 23,6%, respetivamente.
As Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 04 de fevereiro de 2022, depois de o BCE ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na zona euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.
A última reunião do BCE deste ano realiza-se hoje, com o mercado a esperar uma manutenção das taxas de juro.
As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de dezembro de 2021.
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
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