Quem foi Mary MacLeod, a mãe de Trump que migrou com 50 dólares no bolso?

Mãe do presidente norte-americano estava entre os milhões de migrantes que chegaram aos EUA nas primeiras décadas do século XX, em busca de trabalho.

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© Richard Lee/Newsday RM via Getty Images

Notícias ao Minuto
28/01/2025 13:04 ‧ há 2 dias por Notícias ao Minuto

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Mary Anne MacLeod tinha apenas 50 dólares (cerca de 48 euros) no bolso quando desembarcou em Nova Iorque, nos EUA, a 11 de maio de 1930, junto com outros migrantes, em busca de uma vida melhor.

 

A mulher, que anos mais tarde se tornaria mãe de Donald Trump, que acaba de tomar posse como presidente dos EUA pela segunda vez, entrou no país legalmente, após ter deixado sua terra natal, a Escócia.

A história dela é contada agora, pela BBC News.

Ao contrário do que se já escreveu e do que Trump sempre assegurou, os documentos alfandegários revelam que quando emigrou, Mary Anne MacLeod pretendia ficar no país. Não estava apenas de passagem, como turista.

O seu nome aparece nos registos da época digitalizados pela Fundação Estátua da Liberdade, que preserva os dados de mais de 51 milhões de pessoas que chegaram aos EUA, entre 1892 e 1957, pela Ellis Island e pelo porto de Nova Iorque.

De acordo com os documentos a que a BBC teve acesso, Mary embarcou a 2 de maio de 1930 no porto de Glasgow com destino aos EUA, onde chegou nove dias depois a bordo do navio Transilvania.
 
Neles está explícito que Mary não planeava regressar à Escócia, pretendia ficar nos EUA e obter a cidadania americana, ao contrário do que sempre afirmou o filho.

"Se desde o momento em que chegou, ela queria morar nos EUA, isso se chama imigrar. Não há dúvida disso", disse à BBC News Mundo a escritora Gwenda Blair, autora do livro 'The Trumps: Three Generations of Builders and a Presidential Candidate' ('Os Trump: três gerações de construtores e um candidato presidencial', em português).

Trump - o quarto dos cinco filhos de Mary Anne - sempre alegou que a sua mãe viajou inicialmente para o país como turista e não com a intenção de lá residir, uma distinção importante, dada a retórica do contra a imigração - ilegal e até mesmo legal - que caracteriza o discurso do presidente dos EUA.

Irmãs também imigraram para os EUA

Natural de Tong, uma aldeia da Ilha de Lewis, no norte da Escócia, a mãe de Trump seguiu, aos 18 anos, os passos de três das suas irmãs, que já estavam nos EUA: Christina, Mary Joan e Catherine, que a recebeu em Astoria, Queens. 

No documento alfandegário Mary Anne é descrita como "doméstica". Apesar disso, Michael D'Antonio, autor do livro 'Never Enough: Donald Trump and the Pursuit of Success' ('Nunca é suficiente: Donald Trump e a busca pelo sucesso', em português) garante que a sua situação não era totalmente precária.

"Ela tinha dinheiro suficiente para pagar um lugar em segunda classe, uma vez que viajou numa cabine compartilhada com outra mulher, evitando a terceira classe. Ela obviamente tinha algum dinheiro, não era pobre, mas veio como imigrante", explicou o historiador à BBC.

"Inteligente e ambiciosa"

Em junho de 1934 a escocesa viajou até à sua terra natal, voltando a entrar nos EUA, novamente através de Nova Iorque (e com 50 dólares no bolso), em setembro de 1934, desta vez a bordo do navio Cameronia. E, em 1942, a mãe de Trump tornou-se oficialmente cidadã norte-americana.

No seu livro 'A Arte da Negociação', Donald Trump descreve a mãe como sendo uma "dona de casa muito tradicional que tinha plena consciência do mundo além dela".

Mas não é o único que a descreve como sendo uma mulher "muito inteligente". Também Michael D'Antonio descreveu Mary Anne como uma mulher "muito espirituosa, inteligente e ambiciosa".
 
"Era muito competitiva e tão ambiciosa como o pai [administrador dos correios]. Só não podia expressar isso da mesma forma porque era mulher. Naquela época, era difícil para as mulheres terem uma carreira e serem tão ambiciosas como hoje", revelou o também historiador.
 
Mais tarde, já casada com o construtor Fred Trump — filho de imigrantes alemães e um dos solteiros mais cobiçados de Nova Iorque - encontrou na caridade lugar para deixar sua marca no mundo.

Além de vários hospitais, Mary Anne terá também ajudado os escuteiros e o Exército da Salvação, uma das maiores instituições de caridade do mundo.

Após sua morte, em agosto de 2000, aos 88 anos, o The New York Times publicou um obituário descrevendo-a como "filantropa". 

Leia Também: Divulgado retrato oficial da primeira-dama dos EUA... e é surpreendente 

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