Carris Metropolitana circula há um ano (entre queixas e aplausos)

Os autocarros aguardam com os quatro piscas numa via de rodagem da Rua Guerra Junqueiro, em Santo António dos Cavaleiros, antes de avançarem para a paragem na Cidade Nova, onde António Antunes, 77 anos, espera transporte para Lisboa.

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© GlobalImagens/Leonardo Negrão

Lusa
30/12/2023 06:47 ‧ 30/12/2023 por Lusa

Economia

Carris Metropolitana

"Não notei grande melhoria", afirma à Lusa o reformado, num balanço do serviço da Carris Metropolitana, desde que em janeiro deste ano a Transportes Metropolitanos de Lisboa assumiu a gestão do transporte coletivo rodoviário de passageiros na Área Metropolitana de Lisboa (AML) na margem norte do Tejo.

O morador no populoso bairro de Loures admite que os autocarros "são mais recentes, pelo menos em aspeto, em limpeza", quando os anteriores "tinham um bocado de idade" e "estavam um bocado já deteriorados".

Passa pouco das 08h30 quando, sob um céu cinzento e ar gélido, o septuagenário admite que "de manhã há bastantes horários", pelo que "não se pode queixar muito". Está bem servido - pode apanhar um autocarro à hora que der mais jeito.

"Mudou para melhor, acho eu, sim, em termos de condições, de horários [...]. Os autocarros são mais recentes, só têm às vezes a situação de serem mais pequenos, os outros eram maiores, levavam mais pessoas. Isto é uma área com muita gente", comenta Rosa Marques, 53 anos.

A técnica de turismo sai de casa cedo para Lisboa e regressa ao fim do dia. Reconhece que, embora sem queixas de incumprimentos, durante o dia que não há tantos horários, "mas de manhã e à noite há sempre".

Desejos para o novo ano? "Provavelmente autocarros maiores, porque são pequenos, os outros também eram muito grandes. Eram diferentes, pronto, estes já são mais modernos, têm menos lugares, às vezes há pessoas que ficam nas paragens, porque não consegue entrar toda a gente", reitera.

No Largo Marcos Romão Reis Júnior, em Loures, Mário Simões, 56 anos, eletricista e canalizador, atesta que o serviço está, "sem dúvida, muito melhor do que anteriormente", e que "é muito superior, está sempre a rodar".

A renovação da frota agradou-lhe, com autocarros "novíssimos - têm todas as condições que antigamente não existiam".

"No início, havia certas confusões, porque o pessoal não os entendia também, e eles não sabiam bem os trajetos, para onde... Mas agora está a ficar tudo mais ou menos definido", explica o morador em Ponte de Lousa, que na deslocação para Sete Rios prefere usar transportes públicos: "É o melhor, é mais rápido até."

Para Ricardo Carvalho, 43 anos, desempregado, o serviço melhorou, mas por vezes há dias em que espera uma hora e não passa qualquer autocarro. O morador em Guerreiros concede que "há mais transportes, mas tem dias".

"Às vezes nas horas de ponta falham, e às vezes temos de estar uma hora, mais de uma hora à espera, e depois vem tudo cheio, tudo a abarrotar, e a gente não consegue andar lá dentro", queixa-se. À noite e ao fim de semana, diz, ainda é pior, com mais espera.

A empresa, acrescenta, deveria aumentar a capacidade dos autocarros, que às vezes parecem transportar "sardinhas enlatadas", e os horários da Gare do Oriente para Loures também seriam de rever. A última carreira é às 22h20, enquanto para outros destinos arranca após a meia-noite.

A brasileira Naiara, 29 anos, em Portugal desde fevereiro, é utilizadora diária, mas não está muito satisfeita, porque em Ribas de Baixo só passa uma carreira e o último horário é às 20h45.

"Muitas vezes tenho de ir de Uber para o trabalho ou do trabalho para casa porque não tem mais como ir", lamenta.

"Tem alguns motoristas novatos agora que estão atrasando muito, até passageiros já vi gritar, xingar dentro do ónibus e tudo por conta disso, mas os que já trabalham há algum tempo cumprem o horário direitinho, só no início do ano tinha alguns que não compareciam ao horário", descreve.

A solução passará por "aumentar mais os horários, ter mais opções", ao contrário do fim de semana: "Não tem nem sábado, nem domingo, nem feriado."

A manhã continua fria no interface do Senhor Roubado, em Odivelas, e Maria Isabel Silva, 65 anos, espera por um autocarro para Lisboa.

"Este ano notei um bocadinho, há mais transportes, há mais autocarros, vá, [...] melhores condições", conta a empregada doméstica, que costuma apanhar o autocarro em Caneças às 07h00 e regressa a casa pelas 17h00.

"Estou sempre um bocadinho à espera, mas pouco", afiança, queixando-se dos poucos autocarros com origem no interface com o metro. "Lá vai outro para Odivelas. Há muitos é para Odivelas, eu enquanto vou num para Lisboa passam quatro para Odivelas", lamenta.

A sexagenária, que trabalha no Arco do Cego (Lisboa), São João da Talha (Loures) e Linda-a-Velha (Oeiras), deixa o desejo de que em 2024 possa haver um autocarro direto até Caneças, pois não gosta de "andar lá por baixo", tem até "um bocado de pavor de andar de metro".

Na Avenida de Cardoso Lopes (Amadora-Estação Norte), Alina Rogna, 47 anos, aguarda por um autocarro que a leve a Vila Chã, e diz que "todos os dias é um problema", com muito tempo à espera, porque "os horários não são respeitados".

"Acho que no ano passado estava melhor, apesar de algumas carreiras que não iam para o lado que eu vou, mas acho que estava muito melhor, porque respeitavam os horários. Agora tem muito mais carreiras e os horários não são respeitados, não só nesta zona, também do lado de Sintra", desabafa.

A romena, há 20 anos no país e "com BI português", mora em Algueirão-Mem Martins e dá como exemplo a Portela de Sintra, onde costuma apanhar autocarros.

"Sempre na mesma. Desde que mudaram, deixaram de ser Vimeca, passou para esta empresa, está na mesma, não há melhoras nenhumas, fazem o que querem", queixa-se Luís Machado, 39 anos, jardineiro.

"Os horários de manhã ainda cumprem certinhos, agora ao final do dia esquece, é um ano para apanharmos uma camioneta", acrescenta, admitindo, contudo, que o serviço "melhorou um bocadinho, o nível dos carros melhorou". O mesmo não acontece com "o nível de condutores".

A zona do Casal da Mira "é sempre mal servida", e se ainda se consegue apanhar a primeira carreira da manhã, à tarde é um castigo - pelas seis da tarde é que "o autocarro falha 'bué'" e vai lotado com miúdos da escola.

"Deviam combater com mais carros a fazerem esses horários. Não combatem isso, por isso é que há sempre o problema", conclui.

Leia Também: Transportes públicos? Portal da Queixa recebeu quase 3 mil reclamações

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