Salário mínimo de mil euros? Como patrões e trabalhadores veem a proposta
Do lado das empresas, os patrões exigem contrapartidas para que o salário mínimo atinja os 1.000 euros em 2028, mas os trabalhadores consideram que a proposta do PS é insuficiente. A CGTP defende que este valor seja atingido ainda em 2024.
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Economia Trabalho
"Propomos que, no final da próxima legislatura, em 2028, o salário mínimo atinja, pelo menos, os 1.000 euros": As palavras foram do secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, no fim de semana e as reações são diferentes do lado dos patrões e do lado dos sindicatos.
"O salário mínimo tem subido acentuadamente nos últimos anos - decidido pelo Governo, pago pelas empresas. A apresentação de ideias e metas ambiciosas é importante, mas não podemos esquecer que, por vezes, a retórica ocupa o espaço das políticas concretas", disse o presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, Armindo Monteiro, em declarações ao Notícias ao Minuto.
Armindo Monteiro considera que, "ao contrário do aumento do SMN [salário mínimo nacional], o crescimento da economia não se decreta, tem de ser construído. A CIP já o disse: queremos uma economia mais competitiva que seja capaz de pagar melhores salários".
"Como demonstrámos nas medidas que apresentámos no Pacto Social, consideramos que é possível, além de puxar pelo salário médio, chegar em 2030 acima da média europeia do salário mínimo (14.500 euros por ano) se materializarmos um plano igualmente exigente que permita que a nossa produtividade do trabalho se aproxime da média europeia", acrescentou.
A CIP está, por isso, disponível para "assinar um acordo de produtividade e rendimentos que vise esses dois objetivos interdependentes", entendendo que "salários e produtividade são os dois lados da mesma moeda - trabalhadores, empresários e governo devem estar juntos nesta mudança".
"Por outro lado, o salário ganho e o salário realmente recebido têm de aproximar-se, os custos sobre o trabalho têm de diminuir", acrescentou.
O Notícias ao Minuto também contactou o Conselho Nacional das Confederações Patronais (CNCP), mas não foi possível obter uma resposta.
Ainda assim, em declarações ao ECO no início da semana, o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, referiu que só está "disposto a entrar na discussão" se forem também discutidas "outras medidas para melhorar a competitividade das empresas".
"Definir quase a cepo um objetivo parece-nos que não é realista", reagiu João Vieira Lopes.
Trabalhadores dizem que 1.000 euros em 2028 é... "insuficiente"
Do lado dos trabalhadores, a proposta do PS é vista como insuficiente, já que a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) exige que o salário mínimo atinja o patamar dos mil euros já este ano.
"Para nós, é manifestamente insuficiente. A nossa proposta para o salário mínimo nacional é atingir os mil euros em 2024 porque consideramos que é uma alavanca para o aumento geral dos salários", disse Ana Pires, membro da comissão executiva da CGTP, em declarações ao Notícias ao Minuto.
Ana Pires considera que, "as pessoas já estão com dificuldades [e] se não se responde a esta questão a situação vai piorar". "Precisamos de uma resposta imediata", apontou.
A CGTP vê, por isso, que a proposta dos 1.000 euros em 2028 é "muito insuficiente" e acredita que o país tem "todas as condições" para conseguir este valor ainda este ano.
Além disso, Ana Pires defende um aumento geral dos salários e adianta que a proposta da CGTP "é de um aumento 15% para todos os trabalhadores com um mínimo de 150 euros".
No domingo, recorde-se, o secretário-geral do PS propôs aumentar o salário mínimo para pelo menos 1.000 euros até ao final da próxima legislatura, em 2028, e rever o acordo de rendimentos negociado em concertação social.
"O Governo atual havia definido como meta o aumento do salário mínimo nacional dos atuais 820, em 2015 eram 505, para 900 euros até 2026. Nós propomos que, no final da próxima legislatura, em 2028, o salário mínimo atinja, pelo menos, os 1.000 euros", anunciou Pedro Nuno Santos no discurso de encerramento do 24.º Congresso Nacional do PS, em Lisboa.
O secretário-geral socialista destacou que "uma das preocupações dos portugueses está no baixo nível dos seus salários", salientando que "o país avançou muito nos últimos oito anos, mas temos consciência de que há muito para fazer".
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