O requisito de cada projeto estar orçado, no mínimo, em 20 milhões de dólares (18,37 milhões de euros) deixou de existir, referiu, e isso abre portas a candidaturas ajustadas à dimensão financeira do arquipélago.
A diretora-geral do CPD Fund falava durante uma apresentação no auditório da Câmara de Comércio do Sotavento (CCS), na capital cabo-verdiana.
"Não tem sido fácil às empresas cabo-verdianas entrarem nalguns fundos que vão aparecendo, porque exigem investimento superior à nossa capacidade", referiu Marcos Rodrigues, presidente da CCS, que ao lançar o evento.
"Muitas vezes, as nossas empresas são de micro e pequena dimensão e, mesmo as médias, não têm projetos tão grandes que possam ir atrás desses fundos", acrescentou.
A CCS tem feito "um esforço para que as instituições [financiadoras] se adaptem à realidade de Cabo Verde", que é diferente da "de Moçambique ou Angola", mas onde também há potencial para crescer, notou Marcos Rodrigues.
Em 10 anos e meio de atividades, o fundo já aplicou cerca de 500 milhões de euros em 10 projetos nos países língua portuguesa, a maioria no Brasil, graças à dinâmica do mercado e à dimensão dos projetos, explicou Li Na, esperando que a visita que faz até quarta-feira, à ilha de Santiago, ajude a diversificar o cenário.
"Os projetos podem ser de cinco ou 50 milhões", não importa o valor, indicou, mas sim a sustentabilidade, reiterou, perante perguntas de empresários.
Num cenário típico, o fundo entra num projeto através da compra de ações ou financiamento, com uma quota até 20%, com saída após cinco anos, esperando que nesse período a iniciativa se solidifique e se torne sustentável.
A diretora-geral do CPD Fund referiu que os parâmetros são ajustados caso a caso e que o impacto social é tido em consideração: as oito áreas prioritárias de investimento são infraestruturas, recursos minerais, capacidade produtiva, melhoria dos meios de subsistência, economia marítima, economia digital, desenvolvimento 'verde' e redução da pobreza.
O fundo "segue uma lógica comercial", ou seja, não é uma ajuda pública da China, detalhou.
Por outro lado, aos projetos cabo-verdianos podem corresponder empresas chinesas interessadas na internacionalização, acrescentou.
Durante a estadia em Cabo Verde, a comitiva chinesa vai reunir-se com diversos departamentos e entidades governamentais, incluindo a Direção-Geral da Cooperação Económica e Desenvolvimento (do Ministério dos Negócios Estrangeiros), a Direção Nacional da Indústria, Comércio e Energia, a Cabo Verde TradeInvest, Ministério do Mar, Ministério do Turismo e Transportes, e Banco de Cabo Verde.
Estão também previstas reuniões com empresários da ilha de Santiago e com membros de empresas públicas que fazem parte da lista de privatizações do país, como a Electra (elétrica estatal) e Cabo Verde Telecom.
O CPD Fund tem ainda na agenda uma visita ao parque tecnológico, na Praia, que o Governo conta colocar em funcionamento este ano para impulsionar o setor da economia digital.
O fundo apresenta-se como uma instituição financeira "com um capital de mil milhões de dólares" e "um papel crucial como financiador do desenvolvimento económico em vários países".
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