Kristalina Georgieva disse que "a nova administração está a tomar medidas ousadas para restaurar a estabilidade macroeconómica e começar a enfrentar os obstáculos ao crescimento", indicou, num comunicado divulgado na quarta-feira.
A líder do FMI sublinhou que "estas medidas iniciais ajudaram a evitar uma crise na balança de pagamentos, mas o caminho para a estabilização será difícil".
Georgieva atribuiu as dificuldades a um "legado complicado" que Milei recebe de "inflação elevada e crescente, reservas [de moeda estrangeira] esgotadas e elevados níveis de pobreza".
"Os já grandes desequilíbrios e distorções da Argentina pioraram e o programa desviou-se significativamente, refletindo as políticas inconsistentes do governo anterior", lamentou a dirigente, numa crítica direta ao anterior Governo de Alberto Fernández (2019-2023).
Georgieva pediu às autoridades argentinas firmeza e agilidade na implementação de políticas fiscais e lembrou a importância de "esforços contínuos para gerar apoio social e político para o programa".
A diretora-geral falava depois de a instituição multilateral ter aprovado o empréstimo de 4,7 mil milhões de dólares (4,35 mil milhões de euros), anunciado a 10 de janeiro, para ajudar a Argentina a cumprir o pagamento da dívida externa do país.
Esta é a sétima revisão do programa, assinado em março de 2022, para refinanciar a dívida de 45 mil milhões de dólares (41,6 mil milhões de euros) contraída pela Argentina durante a presidência de Mauricio Macri (2015-2019).
Também na quarta-feira, o FMI divulgou um relatório que prevê que a economia argentina contraia 2,8% este ano. No anterior relatório, datado de outubro, a instituição antecipava um crescimento de 2,8% para 2024.
Relativamente a 2025, o FMI estima que o país cresça 5%, mais 1,7 pontos percentuais do que o estimado em outubro.
A Argentina enfrenta graves desequilíbrios macroeconómicos, que incluem, além da falta de reservas externas, o défice fiscal e uma inflação de 211,4% no ano passado.
Milei, que se define como um "anarcocapitalista" -- uma corrente dentro do liberalismo que aspira a eliminar o Estado -- implementou uma série de medidas para desregulamentar a economia, marcada por um forte intervencionismo estatal nas últimas décadas.
Entre as medidas anunciadas estão uma desvalorização de 50% do peso argentino, cortes nos subsídios à energia e aos transportes e o encerramento de alguns ministérios.
Mas, na quarta-feira, um tribunal de recurso declarou a "invalidez constitucional" da reforma laboral assinada por Milei em dezembro, legislação que inclui a redução de subsídios e de contribuições para a reforma, indemnizações e multas por registo ilegal de trabalhadores.
O Governo da Argentina prometeu recorrer da decisão.
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