Dívida do Senegal perde valor depois de adiamento das eleições
O valor da dívida do Senegal caiu quase 3% no seguimento do adiamento das eleições por seis meses, proposto pelo atual Presidente, Macky Sall, no dia em que os deputados se reúnem para debater essa proposta.
© Damian Lemaski/Bloomberg via Getty Images
Economia Senegal
De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, os títulos de dívida pública com maturidade em 2033 caíram 2,3% esta manhã, para 84,83 cêntimos por dólar, enquanto a dívida que termina em 2037 caiu 3%, para 71,03 cêntimos por dólar, o que indica uma desconfiança dos investidores relativamente à capacidade do país para honrar os seus compromissos financeiros.
O Presidente do Senegal, Macky Sall, anunciou, no sábado, a revogação do decreto que convoca as eleições presidenciais, marcadas para 25 de fevereiro, a poucas horas do início da campanha eleitoral.
Na sequência desta revogação, o processo eleitoral foi adiado por tempo indeterminado, face à polémica levantada em torno da lista final de candidatos.
O Presidente da Comissão da União Africana (UA) já manifestou preocupação com o adiamento das eleições presidenciais no Senegal e apelou às forças políticas e sociais para que resolvam "qualquer conflito político através de consulta, compreensão e diálogo civilizado".
Num comunicado divulgado hoje por aquela organização, Moussa Faki Mahamat também "convida as autoridades nacionais competentes a organizarem as eleições o mais rapidamente possível, com transparência, paz e harmonia nacional".
A União Europeia (UE) defendeu no domingo que o adiamento indefinido das eleições no Senegal abre um "período de incerteza" e pediu que se realizem, o "mais rapidamente possível", de forma transparente e credível.
"A União Europeia apoia a posição expressa pela CEDEAO e apela a todas as partes interessadas para que trabalhem, num clima pacífico, para realizar eleições transparentes, inclusivas e credíveis, o mais rapidamente possível e com respeito pelo Estado de direito, a fim de preservar a longa tradição de estabilidade e democracia no Senegal", referiu em comunicado a UE.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) também já pediu a promoção do diálogo para garantir eleições inclusivas no Senegal.
A suspensão eleitoral é motivada por um "conflito aberto no contexto de um alegado caso de corrupção de juízes", referiu Sall, numa declaração televisiva.
O Presidente do Senegal disse ainda que a Assembleia Nacional avançou com uma investigação sobre o processo de seleção de candidatos.
Em causa poderá estar também a candidatura de Rose Wardini do partido Novo Senegal, que poderá ter nacionalidade francesa e senegalesa, o que irá contra as regras do país.
A decisão anunciada pelo Presidente Macky Sall de adiar as eleições presidenciais, inédita desde a independência do país, provocou protestos e uma forte repressão das forças de segurança das primeiras manifestações este domingo neste país vizinho da Guiné-Bissau.
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