De acordo com um relatório do BEI, consultado pela Lusa, as empresas na UE "continuam a demonstrar uma resiliência notável", apesar dos "múltiplos desafios sobrepostos".
"Esta resiliência e o desempenho no passado apenas foi possível por causa de uma resposta política coordenada a nível europeu, que tem de servir como diagrama para o futuro", acrescentou a instituição financeira, citando a presidente, Nadia Calviño, antiga vice-primeira-ministra de Espanha, sucessora de Werner Hoyer.
O BEI alertou que o ritmo de investimento e transformação vai ser difícil de aguentar a longo prazo.
"Apesar de os governos estarem melhor preparados do que no passado, a reposição das regras orçamentais vai resultar na consolidação orçamental, que tem tendência para prejudicar o investimento público desproporcionalmente", acrescentou o Banco Europeu de Investimento no relatório.
Os executivos dos 27 países da UE "progrediram na consolidação orçamental depois da crise de dívida soberana e conseguiram fazê-lo depois da pandemia".
A instituição reconheceu que há um ambiente favorável para o investimento público, no entanto, "a desativação da cláusula" que suspendeu os requisitos das regras orçamentais da UE no Pacto de Estabilidade e Crescimento em 2024 vai, possivelmente, levar a uma consolidação orçamental adicional", que também vai "prejudicar o investimento privado, com implicações para o crescimento e competitividade".
No relatório, o BEI defendeu que a competitividade da UE está dependente de progressos adicionais na descarbonização e em fazer mais com o investimento que já existe na eficiência energética.
"Apesar da resposta rápida das empresas ao choque energético, aumentando a eficiência energética, as transformações mais estruturais estão a demorar, e poderão afetar a competitividade de algumas indústrias da UE no futuro", advertiu o BEI.
Com o aumento do preço da energia, desencadeado, em parte, pelas decisões políticas que advieram da invasão da Rússia à Ucrânia, em fevereiro de 2022, "muitos membros da UE rapidamente responderam ao crescimento rápido dos preços da energia e à ameaça de abastecimento, mas maioritariamente com decisões a curto prazo".
"Sob pressão dos preços elevados da energia e a incerteza, as empresas estão a priorizar o investimento na eficiência energética", dá conta o documento consultado pela Lusa.
A segunda edição do Fórum do BEI vai realizar-se entre hoje e quinta-feira, no Luxemburgo, e participam o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, os primeiros-ministros do Luxemburgo e da Albânia, assim como os vice-presidentes da Comissão Europeia Valdis Dombrovskis e Maros Sefcovic, e outros legisladores e economistas.
(A Lusa viajou a convite do Banco Europeu de Investimento)
Leia Também: "Ai do país onde os polícias podem insubordinar-se impunemente"