"Na Namíbia, claramente no final de março devemos ter uma boa ideia quanto aos volumes dos reservatórios que descobrimos. Por isso é altamente possível que vamos estar a escavar mais poços, dado o que vimos até agora", afirmou Filipe Silva durante uma conferência telefónica com analistas a propósito dos resultados de 2023 hoje divulgados pela petrolífera.
De acordo com o CEO, o investimento previsto este ano pela Galp na Namíbia "deverá ser de cerca de 150 milhões de euros, em linha com o plano inicial".
"Estamos acutilantemente cientes da importância de começar a produção na Namíbia o mais cedo possível. Nada vai atrasar-se, pelo contrário, já estamos a fazer muito trabalho para o garantir", assegurou Filipe Silva, falando em "sinais claramente muito encorajadores", mas ressalvando que "ainda é muito cedo" para ter certezas quanto ao potencial do projeto.
Relativamente ao crescimento da Galp no segmento das energias renováveis, a administração da empresa salientou que, "além da questão das licenças, [o crescimento nesta área] está dependente da rentabilidade dos projetos".
"Nem todos os projetos são igualmente rentáveis, por isso, temos de ser extremamente disciplinados no retorno que extraímos das renováveis, de forma que o mercado de capitais veja a Galp como uma história de descarbonização que gera um retorno competitivo", enfatizou.
Assim, acrescentou, "não é uma questão de ir mais depressa para responder a todas as nossas necessidades de 'downstream' [distribuição e comercialização]": "Há também um 'mix' de compras de terceiros e vamos otimizando esse 'mix' à medida que formos avançando", referiu.
A Galp anunciou no passado dia 26 de janeiro que encontrou "uma significativa coluna de petróleo leve" em areias com reservatórios de "alta qualidade" na Namíbia, após ter informado, no início do ano, que tinha detetado "sinais preliminares" de hidrocarbonetos naquele país.
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Galp informou que perfurou uma zona mais profunda do poço Mopane-1X juntamente com os parceiros Namcor e Custos.
"A Galp continuará a analisar os dados adquiridos durante as próximas semanas para avaliar a comercialidade das descobertas", apontou a petrolífera.
O projeto da Galp na Namíbia consiste numa participação de 80% numa licença de exploração naquela região, sendo que a Namcor e a Custos detêm 10% cada.
A Galp anunciou hoje um lucro de 1.000 milhões de euros em 2023, mais 13,7% que no ano anterior, impulsionada por um "sólido desempenho" em todas as unidades de negócio.
De acordo com um comunicado enviado à CMVM, o EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) da empresa controlada pela família Amorim foi de 3.560 milhões de euros, menos 7,6% do que em 2022.
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