Com a Bélgica a assumir a presidência rotativa da UE, a competitividade em termos mundiais e no mercado interno foi colocada como prioridade pelos belgas, pelo que o tema estará na agenda da reunião informal dos ministros europeus das Finanças, que decorre em Gante, visando então que o espaço comunitário consiga ultrapassar os desafios críticos atuais relacionados com o fraco crescimento nomeadamente após os efeitos da guerra da Ucrânia e assegurar um futuro socioeconómico face a potências como Estados Unidos ou China.
A discussão -- na qual Portugal estará representado pelo ministro português das Finanças, Fernando Medina -- antecede o relatório que o ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, está a preparar sobre a competitividade europeia, que deverá ser apresentado no verão.
Por essa razão, "no sábado, a discussão será com a 'superestrela' Draghi", referiu um funcionário europeu na antevisão do encontro, referindo que, na ocasião, o responsável italiano vai "pedir opiniões aos Estados-membros sobre o que deve constar no relatório em termos de prioridades", nomeadamente quanto a investimentos em transições digitais e 'verdes' e como os financiar.
Mario Draghi vai, na ocasião, dar conta dos passos já dados relativamente a esse relatório, de acordo com outra fonte comunitária.
No seu discurso sobre o Estado da União, em setembro passado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou um relatório sobre a competitividade europeia e falou num contexto "desafiante" para a indústria na UE.
Na altura, a responsável elencou "três grandes desafios económicos para a indústria" em 2024, entre os quais a "escassez de mão-de-obra e de competências, a inflação" e a necessidade de "facilitar a atividade das empresas", numa altura de contido crescimento económico.
Por essa razão, Von der Leyen pediu ao ex-presidente do BCE, Mario Draghi, "uma das maiores mentes económicas da Europa, que preparasse um relatório sobre o futuro da competitividade europeia".
Já na reunião de hoje, e nomeadamente à tarde, os ministros das Finanças da UE vão discutir o futuro do Banco Europeu de Investimento (BEI), quando se espera que o banco da União possa apoiar investimentos não só na área climática, mas futuramente em defesa dado o contexto geopolítico e a necessidade de autonomia estratégica.
A nova presidente do BEI, Nadia Calviño, estará presente na ocasião e, em junho, irá apresentar no Conselho de Governadores do banco, no Luxemburgo, a sua visão sobre o futuro da instituição, referiu à Lusa uma fonte da presidência belga.
Ainda hoje, os responsáveis europeus pela tutela discutem a literacia financeira global dos cidadãos da UE e como melhorar a participação dos pequenos investidores nos mercados financeiros, quando se estima que os portugueses sejam os segundos com piores conhecimentos na matéria, segundo um estudo hoje divulgado.
Antes, durante a manhã, a reunião informal do Eurogrupo é centrada no aprofundamento do mercado de capitais e num debate sobre a situação económica na zona euro.
Leia Também: Portugueses são os segundos piores da UE em literacia financeira