Moody's reduziu notação da China Vanke em novo golpe para o imobiliário

A decisão da agência de 'rating' Moody's de baixar para "Ba1" a notação da dívida da China Vanke, a segunda maior construtora da China, constitui novo golpe para o setor, que enfrenta uma crise de liquidez.

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Lusa
12/03/2024 11:01 ‧ 12/03/2024 por Lusa

Economia

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A agência justificou a medida com "a expectativa de que as métricas de crédito, a flexibilidade financeira e a almofada de liquidez da China Vanke vão enfraquecer nos próximos 12-18 meses", depois de ter estimado que as vendas da empresa vão cair 10% em 2023, para cerca de 376 mil milhões de yuan (47,893 mil milhões de euros).

Segundo a Moody's, nos dois primeiros meses do ano, as vendas já registaram uma queda de 40% em relação ao ano anterior.

Este era um dos poucos promotores imobiliários estatais que ainda tinha uma notação de crédito favorável, após o colapso de gigantes do setor como a Evergrande ou a Country Garden face às respetivas crises de endividamento.

A situação financeira de muitas empresas imobiliárias chinesas agravou-se depois de Pequim ter anunciado, em agosto de 2020, restrições ao acesso ao financiamento bancário para os promotores que tinham acumulado um elevado nível de dívida, incluindo a Evergrande, com um passivo de quase 330 mil milhões de dólares.

Desde então, muitos promotores imobiliários - como a Evergrande e a Country Garden - entraram em incumprimento das suas obrigações emitidas nos mercados internacionais.

A Evergrande entrou em colapso na bolsa de Hong Kong em setembro de 2023, depois de ter anunciado que não podia emitir nova dívida.

Um mês antes, em agosto, a empresa declarou falência nos Estados Unidos para proteger os seus ativos dos credores enquanto continua a negociar a reestruturação da sua dívida.

Entretanto, a Country Garden, que colocou em leilão propriedades de vários milhões de dólares para resolver os seus problemas de tesouraria, está agora a tentar colocar mais de 30 empreendimentos nas "listas brancas" das autarquias locais para poderem beneficiar de financiamento bancário, uma das iniciativas do Governo chinês para concluir projetos inacabados.

A situação preocupa Pequim pelas suas implicações na estabilidade social, uma vez que a habitação é um dos principais veículos de investimento das famílias chinesas: na última sessão da legislatura chinesa, o ministro da Habitação, Ni Hong, anunciou um plano para impulsionar a reforma do setor, que inclui a criação de um novo "mecanismo de coordenação entre a procura, a oferta, a terra, o dinheiro e os recursos".

Um dos pontos-chave do plano é "planear e construir habitação social para melhorar o sistema e a oferta de habitação e reestruturar o mercado", afirmou o Ministro da Habitação.

Até agora, porém, o mercado ainda não está a reagir.

De acordo com um relatório publicado no início deste ano pela consultora especializada CRIC, as vendas dos 100 maiores promotores imobiliários da China caíram 16,5% em termos anuais em 2023, apesar de pelo menos oito dos 10 maiores estarem a oferecer descontos em várias partes do país para tentar impulsionar as vendas.

Uma das principais causas do recente abrandamento da economia chinesa é a crise do setor imobiliário, cujo peso no PIB nacional - somando os fatores indiretos - foi estimado em cerca de 30%, segundo vários analistas.

Leia Também: Moody's melhora 'rating' dos depósitos a longo prazo do Novo Banco

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