Greve geral de jornalistas é "reflexo do desafio de reinvenção" dos meios

O 'chief development officer' (CDO) da Sonae, João Günther Amaral, considerou hoje que a greve geral de jornalistas marcada para quinta-feira é um "reflexo do desafio de reinvenção" que a comunicação social enfrenta em todo o mundo.

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Lusa
13/03/2024 14:01 ‧ 13/03/2024 por Lusa

Economia

Sonae

"Entendemos que o que está a acontecer é reflexo do enorme desafio que os meios de comunicação social enfrentam hoje em dia, não só em Portugal, mas na Europa e no mundo, e que é um desafio de reinvenção, com tudo o que está a acontecer ao nível das plataformas digitais e da canalização dos meios que eram investidos em jornais e que geravam as receitas dos jornais e de outros meios de comunicação social, e que estão a ser canalizados para outro lado", afirmou o responsável.

Falando durante a apresentação das contas do exercício de 2023 do grupo Sonae, dono do jornal Público, João Günther Amaral considerou viver-se atualmente "um momento de reinvenção do que vai o ser futuro de cada uma dessas plataformas".

"É nesse contexto que aparece este momento, em que pela primeira vez em 40 anos há uma greve de jornalistas", afirmou.

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) agendou uma greve geral para quinta-feira, 14 de março, a primeira em mais de 40 anos (a última foi em 1982), contra os baixos salários, precariedade e degradação das condições de trabalho do setor.

O dia da greve será marcado por uma concentração de jornalistas em Coimbra, pelas 09:00, depois outra no Porto, na praça Humberto Delgado, pelas 12:00, o mesmo acontecendo à mesma hora em Ponta Delgada.

Em Lisboa, a concentração terá lugar no Largo do Camões pelas 18:00, em que também se faz um apelo à sociedade civil para estar presente.

O SJ convocou a paralisação em protesto contra a precariedade, mas também como "um grito de alerta" para apoiar o jornalismo antes que seja "tarde demais".

"Espero uma forte adesão porque na verdade a precariedade é muito mais alta que na generalidade dos outros setores, os salários são cada vez mais baixos, não temos progressões de carreira reiteradamente nos últimos 20 anos", afirmou o presidente do SJ, Luís Simões, em declarações à Lusa.

"Não fazemos greve há 40 anos, neste momento temos mais que do que motivos para o fazer porque na verdade o exercício do jornalismo degradou-se de uma forma incrível" neste tempo, prosseguiu, apontando que atualmente os salários "são mínimos e a exigência para os jornalistas é máximo".

Por isso, "temos todos os motivos para acreditar que vamos ter uma adesão muito forte à greve", sublinhou o presidente do SJ.

Esta paralisação não assenta apenas em exigências laborais, mas também há outro fator que leva os jornalistas a paralisarem na quinta-feira: "O jornalismo neste momento em Portugal não é de todo apoiado", enfatizou.

Num contexto em que na União Europeia procura apoiar o jornalismo, "Portugal é dos países da União em que 'per capita' [por pessoa] menos apoios há para a comunicação social", destacou.

Por isso, a greve é "também um grito de alerta para o poder político e para os decisores: ou se apoia agora o jornalismo livre e independente ou vai ser tarde demais".

Leia Também: CGTP "manifesta toda a solidariedade" com greve dos jornalistas

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