O Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) deverá manter pela quinta vez consecutiva a taxa de depósitos em 4%, o nível mais alto registado desde o lançamento da moeda única em 1999, enquanto a principal taxa de juro de refinanciamento em 4,5% e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez em 4,75%, segundo os analistas consultados pela Lusa.
A instituição liderada por Christine Lagarde tomará a decisão num contexto de queda da inflação, depois de a taxa ter sido reduzida em duas décimas em março, para 2,4%, enquanto a inflação subjacente -- que exclui o efeito dos preços da energia e dos alimentos por ser mais volátil -- caiu três décimas, para 2,9%.
O diretor global de investimentos em obrigações da Allianz Global Investors, Franck Dixmier, acredita que "o BCE deve manter o 'status quo' na sua reunião de política monetária", mas "deve dar alguma indicação sobre um primeiro corte nas taxas de juro", considerando que o 'timing' não será afetado por uma eventual diferença com o primeiro corte da Reserva Federal norte-americana.
"Esperamos um discurso cauteloso, que confirme a alta probabilidade de um primeiro corte em junho e o apresente como um primeiro passo para a normalização da política. Mas o BCE deve insistir que os futuros cortes não estão garantidos e dependerão da trajetória previsível da inflação", prevê.
Felix Feather, economista da abrdn, destaca ser "amplamente esperado que o BCE mantenha as taxas", considerando que os decisores estão apreensivos se a recente descida das taxas de inflação mascara a persistência da inflação subjacente.
"Os observadores estarão atentos a qualquer sinal de orientação futura. É provável que o banco reduza as taxas em junho, mas até agora os responsáveis recusaram-se a comprometer-se a reduzir as taxas nessa reunião. Esperamos vários cortes nas taxas este ano, a partir de junho", antecipa.
Os analistas da Ebury também acreditam "que a reunião desta semana será usada principalmente para chamar ainda mais a atenção do mercado para a possibilidade de um corte nas taxas de juros em junho".
No entanto, acreditam ser "pouco provável que a presidente Lagarde abra o jogo sobre o ritmo dos cortes nas taxas, que é agora o foco dos mercados".
Na última reunião, Christine Lagarde garantiu que o Conselho do BCE precisava de mais dados e que uma parte deles chegaria em abril, mas que saberiam "muito mais em junho".
Duas semanas depois, Lagarde apontou novamente o mesmo calendário, mas afirmou que não se poderia comprometer com novos cortes a partir de então.
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